Entenda os principais pontos da operação que investiga suposta espionagem ilegal dentro da Abin
Além do ex-diretor-geral da agência, policiais federais também são suspeitos de participarem de esquema apurado
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência. O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas na quinta-feira (25). As ações ocorreram também em endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Veja os principais pontos para entender a investigação da Polícia Federal
O que é investigado?
A Polícia Federal investiga a formação de uma suposta organização dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que monitorava, sem autorização, autoridades brasileiras.
Segundo as investigações, o programa "First Mile" permitia monitorar até 10 mil celulares por ano.
O operador do programa só teria de digitar o número da pessoa para ter acesso às informações. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
A operação
Em 25 de janeiro de 2024, a PF realizou buscas em endereços ligados ao deputado federal e ex-diretor da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Foram cumpridos 21 mandados em Brasília, Juiz de Fora, São João del Rei e Rio de Janeiro. Com operação, sete policiais federais foram afastados dos cargos.
Segundo fontes ligadas à PF, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular.
O que se sabe até agora?
A Polícia Federal apontou a atuação de três núcleos de espionagem ilegal na Abin. Eram eles: Cúpula, que contava com um subgrupo, Evento-Portaria 157 e Tratamento-Log. Saiba mais sobre eles a seguir:
1.0 - Cúpula: formado por delegados federais cedidos para Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile "para monitoramento de alvos e autoridades públicas";
1.2 - Subordinados: policiais federais cedidos à Abin que serviam de “staff” para a alta gestão, cumprindo as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios;
2. Evento-Portaria 157: responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal a organizações criminosas;
3. Tratamento-Log: responsável pelo tratamento dos logs disponíveis desde do início da investigação;
Autorização judicial
As buscas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Em sua decisão, ele também apontou que a investigação encontrou indícios da utilização da agência para a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso em que ficou conhecido como “rachadinhas”.
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O ministro negou a suspensão da atividade parlamentar de Ramagem durante o andamento do inquérito. "[...] nesse momento da investigação não se vislumbra a atual necessidade e adequação de afastamento de suas funções", explicou o ministro.
Repercussões
O líder do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), trocaram ofensas.
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Valdemar cobrou reação de Pacheco, chegando a chamá-lo de "frouxo" em entrevistas. O presidente do Senado rebateu: "Não é capaz de organizar minimamente a oposição".