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Saiba o que é o First Mile, software usado pela Abin paralela para espionagem

Polícia Federal indiciou ao menos 30 pessoas por envolvimento em espionagem de autoridades

Brasília|Do R7, em Brasília

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Software consegue monitorar 10 mil celulares por até 12 meses Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Polícia Federal indiciou mais de 30 pessoas suspeitas de usar a estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para espionar adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). O relatório foi entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) e cita, entre outros pontos, o uso do software First Mile.

A ferramenta permitiu que os envolvidos no esquema fizessem vigilância de milhares de pessoas. Segundo a PF, em dois anos e meio a ferramenta foi acessada pelo menos 60 mil vezes.


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Para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alerta em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados. O software consegue monitorar cerca de 10 mil celulares por até 12 meses.

A investigação revelou que a Abin foi utilizada para monitorar ilegalmente ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia também está entre os que teriam sido monitorados ilegalmente pela Abin.


Pessoas citadas no inquérito da PF

Entre os principais nomes do relatório final da investigação da PF estão Bolsonaro, o filho do ex-presidente e vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que na época dirigia a Abin, e o atual diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Correa, indicado pelo presidente Lula (PT-SP).

Segundo fontes da corporação, o ex-presidente teve envolvimento no caso e teria integrado uma organização criminosa, mas Bolsonaro não foi indiciado porque já responde pelo crime na ação penal da tentativa de golpe de Estado.


Assim como Bolsonaro, não foram indiciados Ramagem (PL-RJ), o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues. Os três são réus no STF por envolvimento no plano de golpe de Estado e respondem por organização criminosa.

No relatório de mais de 800 páginas, a PF detalha o monitoramento de inimigos políticos de Bolsonaro, como ministros, políticos e até jornalistas. Além disso, mostra a espionagem contra servidores da Receita Federal que atuaram para investigar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).


Uma gravação de 2020 vazada quatro anos mais tarde revelou uma conversa entre o então presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem e advogadas do senador Flávio Bolsonaro discutindo um monitoramento desses auditores da Receita Federal.

Na gravação, Ramagem sugere que uma instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita Federal provocaria mudanças nos cargos.

Já Correa é acusado de interferir nas investigações. Segundo a PF, ele protegeu servidores envolvidos e tentou atrapalhar as investigações.

O inquérito, que já se arrastava há dois anos, teve sete operações autorizadas pelo STF. Entre os indiciados estão agentes de carreira da Abin que teriam sido cooptados por policiais federais no período.

Posicionamento de Carlos Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou na manhã desta terça-feira (17) o indiciamento dele pela Polícia Federal no caso da Abin paralela.

No perfil dele em uma rede social, o vereador questionou a decisão da PF. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência”, escreveu.

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