Cerca de 400 analistas em tecnologia da informação ameaçam entrar em greve caso o governo federal não atenda as exigências da categoria, que envolvem, principalmente, valorização da carreira e aumento real do salário. Os servidores, que realizaram uma manifestação nessa segunda-feira (7) e organizam um segundo ato para o dia 14, acusam o Ministério da Gestão e Inovação de ser “pouco acessível a escutas qualificadas sobre a carreira”.Em nota, o Ministério da Gestão informou que em 2023 realizou um acordo com os servidores que permitiu a efetivação de carreira própria e a transformação da estrutura remuneratória em subsídio (veja a íntegra mais abaixo).“O acordo também incluiu reajustes em janeiro de 2024, janeiro de 2025 e janeiro de 2026. Com o reajuste, a remuneração inicial de um ATI passou para R$ 11,1 mil (subsídio) em 2024. Já o topo da carreira terá subsídio de R$ 21,6 mil em 2026, um aumento de 61% quando comparado aos valores pagos em 2022″, diz a pasta.Além das perdas salariais apontadas pelos analistas, a categoria diz considerar um “fracasso” o CNU (Concurso Público Nacional Unificado), devido ao alto índice de desistência na etapa de matrícula do curso de formação. A justificativa dos servidores é de que a convocação confirma a baixa atratividade da carreira e aumenta os riscos de déficit de servidores do setor.“Esse cenário torna-se ainda mais crítico quando se constata que o cargo de ATI [analista em tecnologia da informação] foi a 8ª vaga de menor concorrência entre as 175 oportunidades distribuídas nos blocos temáticos do CPNU e o 3º cargo de menor concorrência de todo o certame, em flagrante contraste com as declarações do Ministério de que teria sido ‘uma das carreiras mais disputadas do concurso’. Esse quadro, conforme já alertado, tem resultado em uma evasão superior a 50% no quadro funcional de analistas em tecnologia da informação do Executivo Federal”, informou a Anati (Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação).No CNU, foram ofertadas 300 vagas para a carreira, que faz parte do Ministério da Gestão e Inovação. O salário inicial oferecido é de R$ 11.150,80. A concorrência foi de 101 pessoas por vaga. Mas, segundo a Anati, houve 215 desistências em relação às 300 vagas nas três chamadas para o curso de formação, o que corresponde a aproximadamente 72% de desistência.O diretor presidente da Anati, Luiz Alexandre Rodrigues, explica que o setor está perdendo profissionais para outras carreiras de TI, principalmente devido à falta de estruturação.“Mandamos alguns ofícios para o MGI, acho que foram quatro ou cinco só esse ano, alertando dessa situação que estamos passando com o cargo, da dificuldade de reter profissionais em um primeiro ponto, e a principal, de atrair novos ATIs. Entregamos estudos, e isso tudo foi ignorado. Tivemos uma mesa de negociação em 2023, que, na verdade, passou a ser uma mesa de imposição”, explicou Rodrigues.A categoria argumenta que antes do ajuste feito em 2023, o plano de carreira que os analistas estavam inseridos previa que, em 2026, o salário chegaria a R$ 12.154,37, considerando os aumentos aplicados sobre a Gratificação Temporária do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação.Os servidores reclamam que a nova estrutura fixa o salário inicial em R$ 11.150,80, “o que representa uma redução de 14% em relação à estrutura anterior, sem sequer considerar as perdas inflacionárias do período”.A categoria alega que durante o processo de negociação em 2023, a pasta teria apresentado duas propostas, ambas sem reajustes reais nos níveis iniciais da carreira. Segundo a Anati, o ministério apontou que não haveria espaço orçamentário para um ajuste mais justo nos anos subsequentes.“No entanto, essa justificativa revelou-se improcedente, pois diversas outras carreiras obtiveram melhores acordos posteriormente, o que comprova que a limitação orçamentária não era um fator intransponível, mas sim uma escolha política do Ministério em não valorizar a carreira de ATI”, informou a associação.De acordo com o ministério, servidores que estão no topo da carreira terão subsídio de R$ 21,6 mil em 2026. Entretanto, segundo a associação, até o momento não existem funcionários nesse patamar.“Dos 414 ATIs ativos, apenas três encontram-se no nível mais alto atualmente possível, na classe C, padrão 5. Mesmo no melhor cenário, o primeiro servidor a atingir o patamar máximo da nova estrutura só alcançará esse nível em 2029, caso as progressões e promoções não sejam dificultadas pelo Ministério. Atualmente, o interstício mínimo para progressão é de 12 meses, podendo chegar a 18 meses”, escreveu a Anati.“Um dos primeiros acordos assinados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em novembro de 2023, foi com os servidores da carreira de Analista em Tecnologia da Informação (ATI). Acordo que permitiu a efetivação de carreira própria de ATIs e a transformação da estrutura remuneratória em subsídio, o que reflete a relevância reconhecida pelo MGI pela carreira de ATIs.O acordo também incluiu reajustes em janeiro de 2024, janeiro de 2025 e janeiro de 2026. Com o reajuste, a remuneração inicial de um ATI passou para R$ 11,1 mil (subsídio) em 2024. Já o topo da carreira terá subsídio de R$ 21,6 mil em 2026, um aumento de 61% quando comparado aos valores pagos em 2022.O concurso para ATIs no CPNU está na fase de realização de curso de formação. Além da nomeação dos candidatos que forem aprovados nessa fase do certame, ainda há a possibilidade de futuras convocações de novos servidores, a partir do cadastro de reserva do CPNU, com objetivo de repor as vagas abertas do cargo."Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp