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BC indica inflação confortável e assimetria menos intensa em balanço de riscos

Economia|Do R7

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central voltou a enxergar medidas de inflação subjacente em níveis "confortáveis", num balanço de riscos cuja assimetria está menos intensa, quadro que joga para um futuro indeterminado eventual início de aperto nos juros após o BC deixar de mencionar essa possibilidade em suas comunicações.

A leitura, feita em meio a uma recuperação da economia que segue sem ímpeto e num ritmo gradual, consta na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.

"Os membros do Copom discutiram a queda das projeções recentes para a inflação e os níveis de diversas medidas de inflação subjacente. Avaliaram que essas encontram-se em níveis apropriados ou confortáveis e que as projeções indicam convergência da inflação em direção às metas ao longo de 2019 e 2020", afirmou o BC no documento divulgado nesta terça-feira.


"Essa trajetória é consistente com as expectativas de inflação, que permanecem ancoradas. Ressaltaram, entretanto, os riscos para a consolidação desse cenário no médio e longo prazos, principalmente aqueles relacionados ao andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira", acrescentou.

Na semana passada, o BC manteve a taxa de juros no seu piso histórico de 6,5 por cento, conforme amplamente esperado pelo mercado, e indicou que vê um quadro mais benigno para a inflação, retirando qualquer menção a uma eventual alta dos juros à frente.


Em pesquisa Reuters, todos os 35 economistas consultados já esperavam a manutenção da Selic neste patamar, o que ocorreu pela sexta reunião consecutiva do Copom. Com as mudanças de tom adotadas pelo BC, muitos passaram a apostar numa demora maior para subida dos juros básicos, com a atividade econômica vagarosa contendo as pressões sobre a inflação.

Em setembro, o BC havia dito pela primeira vez que poderia subir a Selic adiante caso houvesse piora do cenário inflacionário, conforme incertezas ligadas às eleições e um movimento global de aversão a risco pressionavam o câmbio aos valores mais altos desde a criação do real.


Na semana passada, contudo, o BC limou essa possibilidade ao tirar de seu comunicado frase que vinha adotando até então, de que o "estímulo (representado pela Selic mais baixa que a taxa estrutural) começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora".

Em outra frente, o BC melhorou o quadro que vê para a inflação, ao apontar que aumentou o risco do nível de ociosidade elevado produzir trajetória prospectiva para a inflação abaixo do esperado. Ao mesmo tempo, vê chances menores de frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas econômicas.

Nesta terça-feira, o BC reiterou esses dois pontos, mas alertou que os riscos altistas para a inflação, que são ligados à chance de deterioração do cenário externo para economias emergentes, permanecem relevantes e seguem com maior peso em seu balanço de riscos.

"Dessa forma, os membros do Copom concluíram que persiste, apesar de menos intensa, a assimetria no balanço de riscos para a inflação", disse a autoridade monetária.

Sobre o cenário internacional, o BC avaliou na ata que ele segue desafiador, com os principais riscos associados ao aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais, à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global.

Olhando para frente, o BC assinalou que todos os membros do Copom concordaram que a atual conjuntura "recomenda manutenção de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que implica abster-se de fornecer indicações sobre seus próximos passos". Esses próximos passos, enfatizou o BC, vão continuar dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

"Os membros do Copom ponderaram que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas. O Comitê entende que decisões pautadas por esses princípios constituem bom guia para a política monetária", avaliou o BC, em mensagem nova inserida na ata.

Reagindo às últimas indicações do BC, os economistas que mais acertam as expectativas na pesquisa Focus passaram a ver a Selic a 7 por cento no final do próximo ano, de 7,25 por cento anteriormente. Para 2020, permanece a conta de que a taxa ficará a 8 por cento.

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