Começa nesta terça (10) última reunião do Copom no ano para definir nova taxa básica de juros
Mercado financeiro prevê uma elevação do ciclo de alta da Selic, chegando a 12% ao ano; rodada de discussões termina nesta quarta (11)
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
O Banco Central começa, nesta terça-feira (10), a última reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) para definir a nova taxa básica de juros da economia brasileira. Com a piora das expectativas inflacionárias, câmbio desvalorizado e crescimento da economia, o mercado financeiro aponta para uma elevação do ciclo de alta dos juros, com uma possível alta de 0,75 ponto percentual, chegando a 12% ao ano.
No entanto, um aumento ainda maior, de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, não está descartado.
A rodada de discussões termina nesta quarta-feira (11). O relatório Focus, divulgado na segunda-feira (9), indica que a Selic deve chegar a 12% em 2024. Para o ano que vem, a expectativa é que os juros cheguem a 13,5% ao ano, refletindo que o ciclo de aperto deve se estender ao longo de 2025.
É a última reunião do colegiado com Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. O economista Gabriel Galípolo vai comandar a instituição a partir de 2025.
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Com a frustração do mercado financeiro com o pacote de cerca de R$ 70 bilhões de corte de gastos entre 2025 e 2026, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad no último dia 27, a certeza entre eles é de que o ritmo de aumento dos juros vai acelerar novamente.
Na última reunião, em novembro, os diretores do BC decidiram, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A alta foi a segunda consecutiva desde agosto de 2022 quando o índice chegou a 13,75% ao ano.
O novo patamar ocorreu no dia em que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”, informou o comunicado.
Histórico
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.
Desde agosto de 2023, começou a sequência de cortes de 0,5 ponto percentual em cada reunião, até maio, quando a redução foi de 0,25 ponto porcentual, em placar dividido, quando quatro diretores indicados pelo governo Lula votaram por corte maior, de 0,5 ponto percentual.
A taxa se manteve em 10,5% ao ano nos dois meses seguintes. Em setembro, veio a primeira alta, de 0,25 ponto percentual. Na última reunião, em novembro, o aumento foi maior, de 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.
Entenda a Selic
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo.
Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.