Como o El Niño pode impactar a economia em cada região do país
Há a expectativa de que o fenômeno provoque a elevação da temperatura em até 2,5ºC em algumas localidades
Economia|Do R7
Após três anos do padrão climático La Niña, que geralmente reduz um pouco as temperaturas globais, o El Niño, mais quente, está de volta.
O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, o que acaba influenciando o clima mundial, com impacto na temporada de furacões no Atlântico e de ciclones no Pacífico.
Na última semana, a temperatura média global bateu recorde. Dados analisados por pesquisadores da Universidade do Maine (EUA) mostram que a temperatura da última quinta-feira (6) alcançou 17,23ºC.
Cientistas relacionam o aumento da temperatura com as mudanças climáticas provocadas pelo homem, com o fenômeno El Niño e com o aquecimento natural das águas do oceano Pacífico, que também vem sendo agravado pelo aquecimento global.
No Brasil, há a expectativa de que o El Niño provoque a elevação da temperatura em até 2,5ºC em alguns locais, o que pode se refletir em um inverno mais quente em algumas regiões e mais radical em outras.
Com isso, setores da economia mundial e brasileira deverão ser afetados. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) alerta para a importância do acompanhamento contínuo das condições agrometeorológicas observadas e previstas bem como do desenvolvimento das culturas no campo.
Já para o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada — Esalq/USP), tudo vai depender da intensidade com que o fenômeno climático atingir as diversas regiões agropecuárias do Brasil e como será o manejo dos produtores.
Para o professor de finanças da Faculdade Anhanguera, Luciano Bittencourt, o fenômeno climático pode causar desequilíbrio nas atividades agrícolas e na produção de alimentos ao redor do mundo.
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Além disso, a redução da produtividade nas áreas agrícolas também pode ter impacto nas exportações desses países, afetando o comércio internacional e as cadeias de abastecimento globais.
No caso da economia brasileira, o El Niño pode ter consequências tanto positivas quanto negativas, segundo Bittencourt.
Veja os possíveis efeitos na economia do país
• Norte e Nordeste
Podem registrar redução das chuvas, prejudicando a agricultura, com o aumento da seca em algumas áreas.
• Centro-Oeste
Passa a ter irregularidade nas chuvas, com o risco de aumento das queimadas. Com isso, crescem as incertezas na agricultura e no agronegócio, gerando alta de preços.
• Sudeste
O aumento das temperaturas e uma precipitação chuvosa maior ajudam a melhorar a colheita, apesar da entressafra da cana-de-açúcar. A tendência é de condições favoráveis para os pastos. Com isso, há aumento na produção de carne, leite e seus derivados.
• Sul
Passa a ter mais abundância nas chuvas, além de aumento na temperatura, o que poderá prejudicar o desenvolvimento da safra de inverno, especialmente no fim do ciclo e durante a colheita, além de, possivelmente, atrasar o início da safra de verão.
Todos os setores acabam sofrendo impacto com o El Niño. Seja na agricultura%2C com quebra de safra de itens importantes para o dia a dia das pessoas%2C no agronegócio%2C com produção menor%2C fazendo com que o preço das commodities aumente%2C na questão do saneamento básico%2C principalmente nos países mais pobres%2C seja no atendimento médico diante da alta de doenças como a leptospirose%2C devido ao excesso de chuvas%2C ou respiratórias%2C provocadas pelo clima seco.
Para se preparar para os impactos econômicos do El Niño, o professor recomenda monitorar os padrões climáticos, diversificar a economia, desenvolver práticas agrícolas resilientes e estabelecer políticas de gestão de riscos.
“Quanto à população, o fenômeno climático pode afetar especialmente comunidades vulneráveis, causando danos à infraestrutura, interrupção no abastecimento de alimentos e aumento do preço dos produtos básicos. Portanto, medidas de apoio, como programas de assistência social e reabilitação de infraestrutura, são essenciais para lidar com os impactos e garantir a resiliência das pessoas que podem ser afetadas”, avalia.