Dólar cai 1,26% e fecha a R$ 5,09, após indicadores fracos nos EUA
Já o Ibovespa fechou em alta de 2,13%, a 112.857,10 pontos, após acumular queda de 2,9% nas últimas duas sessões
Economia|Do R7
O dólar registrou a maior queda percentual e o menor patamar em mais de uma semana, após a divulgação de indicadores econômicos americanos mais fracos, que na leitura de investidores podem servir de argumento para o Fed (banco central dos Estados Unidos) amenizar o tom duro nas comunicações sobre inflação e alta de juros.
A moeda negociada no mercado interbancário caiu 1,26%, a R$ 5,0988, na venda. O declínio percentual é o mais intenso desde 12 de agosto (-1,66%), e a cotação é a mais baixa para um encerramento desde o último dia 15 (R$ 5,0926).
Já o Ibovespa fechou em forte alta nesta terça-feira (23), após dois pregões seguidos de baixa, com Vale e Petrobras endossando a reação, enquanto Americanas voltou a disparar ainda sob efeito do anúncio da mudança no comando da varejista.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,13%, a 112.857,10 pontos, após acumular queda de 2,9% nas últimas duas sessões. O volume financeiro somou R$ 23,6 bilhões.
O real esteve entre as moedas de melhor desempenho nesta sessão, junto com pares também correlacionados às perspectivas para as commodities, que vêm melhorando por expectativa de maior demanda chinesa em meio à seca e à onda de calor que têm afligido lavouras no país.
Atividade econômica fraca nos EUA
Lá fora, o índice do dólar afundou 0,85% na mínima do dia, contra queda de cerca de 0,2% imediatamente antes da divulgação dos números nos EUA. O euro chegou a superar a paridade, antes de voltar a ficar abaixo de 1 dólar.
A atividade de negócios no setor privado dos EUA se contraiu pelo segundo mês consecutivo em agosto e no ritmo mais intenso em 18 meses, com particular piora no setor de serviços, à medida que a demanda enfraqueceu diante da inflação e das condições financeiras mais apertadas.
O dado causou uma primeira pernada de baixa no dólar, que saiu de quase R$ 5,13 para R$ 5,1099 abruptamente. Na sequência, a cotação afundou mais até tocar R$ 5,0704, queda de 1,81%, depois de as vendas de moradias unifamiliares nos EUA em julho caírem ao menor patamar em seis anos e meio, impactadas pelas taxas mais altas das hipotecas, reflexo direto do aumento de juros pelo Fed.
O lote de indicadores nos EUA veio poucos dias antes da aguardada fala do chair do banco central dos EUA, Jerome Powell, em Jackson Hole, evento no qual se espera que Powell emita sinalizações sobre a política monetária.
"Os dados estão indicando que Powell talvez vá nessa direção de desaceleração na alta de juros, menos alta de juros", disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital. "Estava todo mundo assustado com o que poderia vir de Jackson Hole, um discurso mais duro, mas agora podemos ter algum fôlego até lá", acrescentou. Powell falará no simpósio na sexta-feira (26).
O mercado está há tempos operando sob a batuta das sinalizações de política monetária de integrantes do banco central americano, num cenário de ampla volatilidade.
Mais recentemente, falas de dirigentes do Fed vieram na linha mais dura, o que empurrou o dólar para cima no mundo, mas a perspectiva de uma desaceleração econômica tem estimulado apostas numa amenização de tom por parte do Fed, e os dados desta terça endossaram de forma explícita essa tese.
O governo dos EUA informa também na sexta dados de inflação de julho pela medida preferida do Fed, o PCE.
"A inflação (nos EUA) confirmando uma desaceleração não teria porquê de o Fed acelerar mais os juros. (...) Com isso, acho que o cenário é de dólar para baixo", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
"Com um fluxo potencial de capital para emergentes você já começa a retirar cenários de dólar a 5,20 reais para em torno de 5 reais", completou.
A última vez que o dólar operou abaixo de R$ 5 foi em 13 de junho, quando marcou uma mínima de R$ 4,9893.