A moeda americana à vista fechou em alta de 0,18%, a R$ 4,3657 na venda
Rick Wilking/ReutersO dólar voltou a subir e renovou a máxima histórica de fechamento ante o real nesta quarta-feira (19), em dia de dólar nos picos em vários anos no exterior após dados mais fortes sobre a economia dos Estados Unidos.
O dólar bateu recorde pela segunda sessão consecutiva num mês que conta com as dez cotações mais altas já registradas no mercado local.
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A moeda americana à vista fechou em alta de 0,18%, a R$ 4,3657 na venda, acima do até então recorde de R$ 4,358 do encerramento da véspera. Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,11%, a R$ 4,3625.
Além de fatores no exterior, onde o dólar operava nas máximas desde maio de 2017, as operações domésticas seguiram influenciadas pela percepção de que o Banco Central parece menos disposto a atuar no câmbio mesmo com o dólar em consecutivas máximas recordes e já mirando R$ 4,40.
Na véspera, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição está tranquila com relação ao câmbio. No entendimento do mercado, a fala de Campos Neto indica que o BC não vê urgência em fazer recorrentes intervenções para defender o patamar da moeda.
"De forma geral, a mensagem do BC pode muito bem tornar intervenções menos solidárias ao real do que em episódios anteriores", disse o Citi em nota.
O BC vendeu, no total de quinta e sexta-feira da semana passada, R$ 2 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional. Mas desde então a cotação já sobe 1,50%, mais do que apagando a queda de 1,14% acumulada nos dias em que o BC interveio.
A declaração do chefe da autoridade monetária veio num momento em que cresce a percepção no mercado de que o governo está apoiando um câmbio mais desvalorizado para impulsionar o crescimento.
Nesta quarta, o BNP Paribas cortou a projeção para alta do PIB do Brasil este ano de 2% para 1,5%, citando os impactos do coronavírus na economia chinesa --principal destino das exportações brasileiras.
Um cenário de crescimento mais lento reduz o espaço para aumentos de retornos na renda fixa e diminui o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil - ambos os fatores prejudicam as expectativas de ingresso de capital que poderia ajudar a trazer algum alívio ao câmbio.
A moeda dos EUA também se fortalecia no exterior, após dados apontarem uma economia norte-americana ainda firme e depois de o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) demonstrar otimismo quanto à expansão econômica do país - a mais longa da história.
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