O dólar à vista oscilou em baixa ante o real durante boa parte da sessão desta quarta-feira (4), marcada por um alívio no mercado de Treasuries (títulos do Tesouro americano), após a divulgação de dados econômicos piores que o esperado nos EUA, mas ainda assim a moeda americana fechou o dia praticamente estável no Brasil. O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,1528 na venda, em variação negativa de 0,06%. Na B3, às 17h40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,27%, a R$ 5,1720. Já o Ibovespa fechou com um acréscimo discreto nesta quarta-feira, uma vez que o efeito positivo da trégua no avanço dos rendimentos dos Treasuries foi atenuado pela queda acentuada das ações da Petrobras diante do tombo dos preços do petróleo no mercado externo. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,21%, a 113.653,08 pontos, de acordo com dados preliminares, um dia após renovar a mínima em quatro meses. Na máxima do dia, chegou a 114.075,29 pontos. Na mínima, recuou a 113.036,3 pontos. O volume financeiro somava R$ 18,4 bilhões antes dos ajustes finais. Nas duas sessões anteriores, a divisa dos EUA havia acumulado alta de 2,56%, na esteira de dados positivos sobre a economia americana, que elevaram a percepção de que o Federal Reserve (Banco Central americano) poderá subir mais sua taxa de referência e mantê-la alta por mais tempo. Nesta quarta-feira, porém, o mercado encontrou certo alívio com a divulgação dos dados do Relatório Nacional de Emprego da ADP. O documento mostrou que foram abertos 89 mil empregos no mês passado no setor privado dos EUA. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 153 mil postos de trabalho. Após os dados da ADP, os rendimentos dos Treasuries cederam, refletindo uma perspectiva de política monetária não tão apertada nos EUA, o que também penalizou o dólar. A moeda americana à vista marcou a cotação mínima de R$ 5,1233 (-0,63%), às 9h50, no Brasil. “O forte impulso do dólar nos últimos dias foi um movimento global. Hoje [quarta-feira], há um alívio por conta da ADP, com dados abaixo das projeções”, resumiu André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online. “Este movimento de correção, de pequena valorização do real, se dá justamente porque a expectativa é em relação aos dados de emprego nos EUA, o payroll de sexta-feira”, acrescentou. Um profissional ouvido pela Reuters viu a baixa do dólar ante o real durante a sessão, apesar de pequena, como uma “pausa” antes da divulgação de novos dados importantes nos EUA, o primeiro deles, o relatório de empregos payroll, na sexta-feira. Entre os agentes de mercado, a percepção mais geral é que as cotações seguirão pressionadas enquanto não houver clareza sobre o futuro da política monetária nos EUA. “Os juros americanos de mais longo prazo atingiram patamares de 16 anos, estão elevadíssimos e podem subir mais, pois a economia se mostra forte, o mercado de trabalho apertado e a inflação custa a ceder para a meta”, avaliou o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo. “Hoje há uma percepção de que as taxas por lá ficarão elevadas por longo período, e isso ajuda a moeda americana a se valorizar no mundo todo.” Nesse contexto, apesar do alívio trazido pelos dados da ADP, o dólar à vista recuperou o fôlego ante o real durante a sessão e chegou a subir. Às 11h09, marcou a cotação máxima de R$ 5,1790 (+0,45%). Depois disso, reaproximou-se da estabilidade. No exterior, a queda do dólar ante as divisas fortes era mais intensa, e a moeda americana também recuava ante a maior parte das divisas de emergentes ou exportadores de commodities.