Dólar recua após marcar R$ 3,30 e fecha a semana cotado a R$ 3,24
Queda de 1,2% não impediu maior alta semanal da moeda em 7 meses
Economia|Do R7

O dólar fechou em queda de mais de 1% nesta sexta-feira (27), após subir e bater o patamar de R$ 3,30 no início dos negócios, com movimento de correção e algum alívio nos temores de mais altas de juros nos Estados Unidos diante da sucessão no Federal Reserve, banco central do país.
No entanto, permaneceu no ar o ceticismo do mercado sobre a capacidade do governo Michel Temer de dar continuidade à agenda econômica, em especial a reforma da Previdência, no Congresso Nacional.
Na sessão desta sexta, o dólar recuou 1,24%, a R$ 3,2438 na venda, depois de bater R$ 3,3034 na máxima do dia e R$ 3,2422 na mínima. O dólar futuro era negociado com baixa de cerca de 1,45% no final da tarde.
Na semana, a moeda norte-americana acumulou valorização de 1,7%, maior alta semanal frente ao real desde meados de maio, quando veio à tona a delação de executivos da JBS, que mencionava membros do governo do presidente Michel Temer.
A Bloomberg News noticiou, citando três fontes não identificadas, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria inclinado a indicar o diretor do Fed Jerome Powell como próximo chair do Fed, no lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro. "A notícia de que Powell lidera na preferência de Trump [para assumir o Fed] ameniza o humor dos investidores", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Powell tem perfil menos conservador do que o economista da Universidade de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de Trump e chegou a ser apontado como seu favorito, alimentando temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado pelos analistas. Trump já disse que deve fazer sua escolha nos próximos dias.
Taxas mais elevadas nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.
O dólar avançava cerca de 0,3% contra uma cesta de moedas, mas passou a cair frente a algumas divisas de países emergentes, como o peso mexicano.
Segundo operadores, também houve fluxo de entrada de investidores estrangeiros no meio da manhã, aproveitando as altas cotações dos últimos dias, o que acabou ajudando no movimento de correção.
O leilão das áreas do pré-sal brasileiro realizado nesta sessão também ajudou na queda do dólar, com a expectativa de entrada de recursos de fora.
"É positivo [o leilão], significa que o mercado está com bons olhos com relação ao Brasil", afirmou o macro-estrategista da corretora BGC Liquidez, Juliano Ferreira.
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Ainda assim, a cautela continuou no mercado, depois que a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia contra Temer na quarta-feira, mas o placar abaixo do esperado pelo governo indicou que o Planalto deve encontrar dificuldades para tocar sua agenda.
Líderes admitem que o governo vai ter que redimensionar o tamanho da base e renegociar a agenda a ser votada. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu enxugar a reforma previdenciária em tramitação e tentar restringi-la quanto à adoção da idade mínima para a aposentadoria.
"Não vemos melhora no cenário da reforma [da Previdência]. Por isso, o lado fiscal preocupa muito", afirmou o operador do Banco Paulista, Alberto Felix.
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Desde meados de julho, a moeda norte-americana vinha sendo negociada basicamente numa banda entre R$ 3,15 e R$ 3,20. Mas, entre o último dia 19 e a véspera, ela havia saltado 3,78%, já com ceticismo sobre a cena política.