Eleições ameaçam o crescimento da economia em 2022
Pleito tende a pôr o futuro da gestão econômica em dúvida, paralisar reformas e inibir a entrada de investimentos no Brasil
Economia|Alexandre Garcia, do R7
A combinação entre juros altos, inflação e coronavírus vai ganhar as eleições de 2022 como ameaça adicional ao crescimento do PIB (produto interno bruto) — soma de bens e serviços produzidos no país — neste ano.
Tal afirmação leva em conta que as incertezas trazidas durante os pleitos, principalmente os que envolvem possíveis mudanças no Executivo, criam dúvidas a respeito do futuro e sempre põem em risco as expectativas de crescimento da economia.
“As eleições trazem certa incerteza para o crescimento, com um principal impacto nos investimentos, que são afetados em momentos de incerteza e troca de governo”, afirma Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a disputa acalorada deve impactar ainda mais as incertezas. “Trata-se de ano eleitoral, período em que, historicamente, há pequenos avanços nas necessárias reformas estruturantes para melhora do ambiente fiscal, o que deve ser ampliado pelo atual dicotômico ambiente político”, avalia ele.
Segundo Patrícia, o pleito pode trazer também uma volatilidade cambial. “Isso pode ser um efeito e até um risco para a questão inflacionária de 2022”, observa ela, ao comemorar a independência do BC (Banco Central) pela primeira vez em um período eleitoral.
As percepções são confirmadas pelas expectativas apresentadas semanalmente pelo BC, que já apontam uma alta de apenas 0,5% do PIB neste ano. “Essa sinalização indica que apenas vamos repor as perdas causadas pela pandemia”, diz Sanchez.
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, por sua vez, prevê que as perdas causadas pela pandemia já serão revertidas neste ano, apesar da recessão técnica. Segundo ela, o desafio é manter a alta da atividade em 2022.
"Nossa expectativa é de um crescimento zero do PIB em 2022, de que não haverá avanço nem contração da economia. Alguns setores devem ter uma retração importante, mas a agropecuária, que foi mal em 2021, deve apresentar uma recuperação forte", analisa Rachel.