EUA são a única grande economia em alta no meio da fraqueza global, diz FMI
Economia|Do R7
Pequim, 20 jan (EFE).- Só os Estados Unidos parecem ter recuperado fôlego econômico, com uma previsão de crescimento de 3,6% neste ano e 3,3% em 2016, enquanto o resto das grandes economias como Japão, União Europeia, América Latina e inclusive a China vêem reduzir suas previsões, informou nesta terça-feira o FMI. No relatório Perspectivas Econômicas Globais divulgado em Pequim, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, qualificou a situação atual como "um complicado mosaico" no qual estão entrelaçados riscos em alta, como a queda dos preços do petróleo, com outros em baixa, como a volatilidade dos mercados financeiros e a "estagnação e baixa inflação" na Europa e Japão. Seis anos depois da crise financeira, os Estados Unidos, a primeira economia mundial, parecem consolidar finalmente sua recuperação. Por isso, o Fundo elevou suas projeções a 3,6% para este ano e 3,3% no próximo, cinco e três décimos, respectivamente, a mais do que em outubro, impulsionadas pela "demanda interna escorada pelo barateamento do petróleo, a moderação do ajuste fiscal e o respaldo contínuo de uma orientação flexível da política monetária". No entanto, o resto dos países e regiões veem minguadas suas perspectivas de crescimento: na zona do euro a 1,2% para 2015, dois décimos a menos que em outubro, e 1,4% para o próximo ano, três décimos a menos que o antecipado; e Japão a 0,6% neste ano e 0,8% em 2016, dois e um décimo a menos do previsto, respectivamente. Além disso, nas economias emergentes começa a se consolidar o arrefecimento após anos de grande expansão, arrastadas pelos baixos preços das matérias-primas, especialmente o petróleo, e a desaceleração do motor chinês. De fato, o Fundo calcula agora que o gigante asiático cresça 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016, com revisões para baixo de três e cinco décimos, respectivamente, como reflexo do menor investimento. A China não registra um crescimento na fronteira de 7% há cinco anos, e dado sua crescente importância global, o organismo multilateral antecipa que esta tendência gerará efeitos sobre o resto mundo. "Sua baixa gradual reflete uma decisão -que é bem-vinda- de reorientar a economia rumo ao consumo e longe do setor imobiliário e o sistema bancário na sombra. No entanto, este menor crescimento está afetando o resto da Ásia", destacou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard. A América Latina se sobressai, neste sentido, como uma das regiões emergentes mais prejudicadas por esta forte freada global. As previsões situam agora o crescimento latino-americano em 1,3% em 2015, nove décimos a menos que em outubro; e em 2,3% em 2016, cinco décimos a menos. O chefe economista do FMI atribuiu esta tendência à redução dos preços dos produtos básicos, o motor do crescimento em 2000. "Os efeitos de baixas que começaram em 2011 nas perspectivas de crescimento da América Latina estão começando a ser claros", ressaltou Blanchard em Pequim, e destacou que os países estão se dando conta disso e buscando novas fórmulas. Especialmente pronunciada é a forte freada no Brasil, com uma projeção de apenas 0,3% para este ano, 1,1 pontos percentuais a menos que o previsto em outubro. "Nossas previsões estão realizadas com base na segunda metade de 2014, e a atividade então foi bastante frágil, sobretudo, em investimento", explicou Gian Maria Milesi-Ferretti, subdiretor de pesquisa do FMI, em entrevista coletiva. Além disso, Milesi-Ferretti ressaltou que certas situações não tinham ajudado, como a incerteza das eleições e a investigação da Petrobras, que afetou a confiança dos investidores. O México, outra grande economia regional, mantém um ritmo de crescimento mais sólido de 3,2% para 2015, embora também represente um rebaixamento de três décimos com relação aos anteriores cálculos do Fundo. No entanto, o grande corte em suas projeções é registrado na Rússia, país para o qual o FMI prevê agora uma recessão sustentada em 2015 e 2016: -3 % e -1 %, respectivamente. "A projeção reflete o impacto econômico da forte queda dos preços do petróleo e a intensificação das tensões geopolíticas, tanto através de efeitos diretos como do impacto na confiança", assim como a desvalorização do rublo. Por fim, o Fundo reitera os lucros gerais da queda do petróleo, cujo preço, expressado em dólares dos EUA, desceram cerca de 55% desde setembro. Embora explica que este "retrocesso se deve em parte a uma fraqueza inesperada da demanda em algumas grandes economias, em particular, de mercados emergentes". E, em maior medida, a fatores vinculados à oferta como "a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter os níveis de produção apesar ao aumento contínuo da produção de países alheios ao grupo, especialmente EUA.". EFE afs-tg/ff (foto)(vídeo)