Gás de cozinha supera recorde de preço em 71 cidades brasileiras
Segundo o Observatório Social do Petróleo, o botijão de 13 kg custa R$ 152, o preço mais alto do país, numa cidade do Amazonas
Economia|Do R7
Em 71 municípios brasileiros, opreço do gás de cozinhaultrapassou em novembro a maior média nacional semanal do século, de R$ 113,66, registrada entre os dias 10 e 16 de abril de 2022.
Na cidade de Tefé, no Amazonas, o botijão de gás chegou a superar em quase 34% o recorde, com o vasilhame de 13 kg do GLP (gás liquefeito de petróleo) sendo comercializado a R$ 152, o preço mais alto do país. A informação é do OSP (Observatório Social do Petróleo), com base no levantamento de preços de combustíveis da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A agência verificou que o valor do botijão em 456 municípios do Brasil, na semana de 12 a 18 de novembro, variou de R$ 114 a R$ 152. Em 71 cidades, os preços estão acima da marca da série histórica, que teve início em julho de 2001, quando o órgão regulador federal começou a divulgar os valores do gás de cozinha.
A análise do observatório mostra que seis das dez cidades com os preços mais elevados estão na região Norte, abastecida parcialmente pela Ream (Refinaria da Amazônia). A unidade de refino, que completa em dezembro um ano de privatização, tem sido a recordista nacional dos combustíveis mais caros, segundo o OSP.
Na lista geral dos 71 municípios acima do recorde do século aparecem três cidades do estado do Rio de Janeiro e três de São Paulo. No Rio, Macaé cobra R$ 123 pelo botijão e é o município com o preço mais alto do estado. Logo em seguida, estão Itaguaí (R$ 121) e Angra dos Reis (R$ 114,84). Em São Paulo, o maior custo do gás de cozinha foi constatado em Marília (R$ 114,44), seguido por Itapeva (R$ 114,16) e Guarujá (R$ 114,09).
Dez mais
A lista das dez cidades brasileiras com o custo mais alto do gás de cozinha inclui três municípios no estado do Amazonas, três em Mato Grosso, dois em Rondônia, um em Roraima e um na Bahia. Tefé (AM) é a cidade com o preço mais elevado do Brasil, seguida por Alta Floresta e Sinop, ambos municípios de Mato Grosso, onde o vasilhame é vendido a R$ 145 e R$ 138,63, respectivamente.
"A cidade de Tefé está localizada a apenas 180 km do Polo Urucu, a maior reserva terrestre de gás natural do país, e é o ápice da contradição que justo nessa região a população seja condenada a pagar os preços mais altos", disse em nota o secretário-geral da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), Adaedson Costa.
Segundo ele, essa situação é fruto da privatização. "Por isso defendemos a urgência de a Petrobras voltar a ser uma empresa integrada de petróleo, como são todas as grandes petrolíferas mundiais, reestatizar refinarias, distribuidoras, gasodutos e campos de exploração", destacou.
O economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Ibeps (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais), aponta dois fatores que explicam a concentração dos maiores preços no Norte do Brasil.
"O primeiro motivo é que a média ponderada dos preços praticados por produtores e importadores nessa região está 24% acima da média nacional, de acordo com dados da ANP. E grande parte dessa alta se deve à privatização da refinaria. O segundo fator é que a região tem a maior margem de distribuição e revenda, devido aos custos mais elevados de transporte/logística, sendo R$ 9 (18%) superior à média nacional", informou.