Guedes diz que irá prorrogar auxílio com nova onda de covid
O ministro da Economia Paulo Guedes fez essa afirmação em um evento virtual, em que também falou da expectativa de crescimento do país
Economia|Do R7
Em evento online nesta quinta-feira (12), promovido pela ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados) em comemoração ao Dia Nacional do Supermercado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vai prorrogar o benefício do auxílio emergencial caso aconteça uma segunda onda da pandemia no país.
- Qual é o plano para o auxílio emergencial? Remoção gradual, que está marcado para 31 de janeiro, quando acaba o auxílio emergencial, que já foi R$ 600, caiu para R$ 300 e acaba. Aí, voltamos para o Bolsa Família. Esse é um plano A. Existe a possibilidade de haver uma prorrogação do auxílio emergencial? Aí, vamos para outro extremo. Se houver uma segunda onda de pandemia, não é uma possibilidade, é uma certeza. Vamos ter que reagir, mas não é o plano A. Não é o que estamos pensando agora."
No encontro virtual Guedes também projetou crescimento da economia de até 4% em 2021, casa haja um novo regime fiscal.
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Para o ministro, esse é o grande desafio para o ano que vem. "Se nós aprovarmos uma PEC do pacto federativo, desvinculando dinheiro e entregando a atividade política, de decidir para onde vão os recursos, o Brasil, que já estava programado para fazer uma forte recuperação cíclica, deve voltar a um crescimento de 3%, 3,5%, até 4% no ano que vem, se tivermos esse novo regime fiscal. Essa é a nossa direção", afirmou Guedes.
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Segundo o ministro, a economia brasileira é como um urso que estava hibernando, que acorda com fome e pronto para voltar. "Acabou o inverno o urso vai a caça, é como a economia está voltando, com fome, com força e em V. Eu, que era considerado um otimista na crise, me surpreendi com a velocidade com que (a economia) está voltando, bem acima da minha previsão", disse.
Sobre a alta no desemprego registrada em 2020, Guedes ponderou que os resultados deste ano são melhores do que em outros períodos de crise, como em 2015 e 2016. "Em abril, quando fomos golpeados, nós perdemos 900 mil empregos. Em maio mais 200 mil e em junho 20 mil. Só que em julho criamos 100 mil, em agosto 200 mil e em setembro 300 mil. Estamos recriando os empregos em ritmo acelerado, de forma que a perda de empregos nesse ano foi de 550 mil, menos do que a perda na recessão de 2015 (600 mil) e de 2016 (667 mil)", ressaltou.
"Então, no ano em que o mundo sofreu o maior impacto da história, a economia brasileira perdeu menos empregos formais do que nas duas recessões.Porque em 2015 e 2016 foram provocados equívocos econômicos internos. Não é o caso agora, o Brasil estava decolando no início do ano, quando fomos atingidos por uma tragédia", emendou Guedes.
Alta nos preços de alimentos
O ministro da Economia ainda garantiu que a alta de preços de alimentos, assim como de materiais de construção, é uma alta transitória e setorial, e que deve voltar à normalidade em alguns meses.
"Quando o auxílio emergencial, que era de R$ 600 e caiu para R$ 300, aterrisar no Bolsa Família, ou no Renda Brasil, quando essa aterrisagem acontecer, a alta transitória de preços deve se acalmar. Mas nós já nos antecipamos justamente quando a população começou a reclamar dos aumentos no preço do arroz. Nós agimos rápido, eliminamos imposto de importação", afirmou Guedes.
O ministro ressaltou o papel da iniciativa privada, como as redes de supermercado, no enfrentamento da pandemia e possibilidade de falta de alimentos em prateleiras.
"Imagina se a gente tivesse uma rede pública de alimentos, será que as prateleiras estariam cheias? Ou se a produção agrícola fosse coletivizada, como foi na China e houve uma fome que matou de 20 a 30 milhões de chineses, ou na Rússia, onde teve crise de fome que matou de 15 a 20 milhões? Essa opção nossa por uma economia de mercado, é uma opção preferencial já feita no Ocidente", explicou Guedes.
Impostos
No evento com representantes de redes de supermercados, Guedes foi questionado sobre a criação de novas cargas tributárias no ano que vem que podem afetar o setor, mas reforçou o caráter liberal democrata do governo, de preferir controlar gastos e alocar recursos públicos, ao invés de criar novos impostos. "Preferimos controlar gastos do governo, melhorar a alocação de recursos públicos, reduzir subsídios, deduções e incentivos que são dados justamente para os mais ricos, e concentrar esses recursos para os mais pobres, fazer transferência de renda progressiva", ressaltou o ministro da Economia.
"Hoje nós temos uma taxação excessiva de impostos indiretos, que são impostos regressivos, então nós vamos colocar impostos sobre dividendos, que são as principais fontes de pagamento das pessoas que tem recurso. Quem tem capital vive de renda e de dividendos. Se os lucros são reinvestidos nas empresas isso é muito bem vindo, porque gera mais emprego, desenvolve, traz inovação, isso é muito bom. Agora, se sai da empresa e vai para pessoa física nós queremos tributar e hoje esses rendimentos são isentos de tributação", explicou.
"Nós vamos aumentar sim o imposto sobre dividendos e vamos reduzir a carga de impostos indiretos. Esse é o nosso compromisso, vamos fazer um programa de substituição de carga tributária", completou Guedes.