Inflação perde força e sobe 0,24%, puxada pela disparada no preço das passagens aéreas
Avanço faz IPCA acumular alta de 4,82% nos últimos 12 meses, taxa acima do teto da meta pelo segundo mês, mostra IBGE
Economia|Do R7
A inflação oficial de preços do Brasil perdeu ritmo após três meses consecutivos de aceleração e subiu 0,24% em outubro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa positiva foi influenciada pelo salto de 23,7% no valor das passagens aéreas, que já haviam aumentado 13,47% em setembro.
“É o segundo mês seguido de alta das passagens aéreas. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores, como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano”, explica André Almeida, gerente responsável pela pesquisa.
Com a desaceleração, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) agora tem alta de 4,82% no acumulado dos últimos 12 meses, taxa acima do teto da meta pelo segundo mês consecutivo.
Para os analistas do mercado financeiro, a inflação deve arrefecer e chegar ao fim deste ano em 4,63%, patamar dentro do intervalo perseguido (de 1,75% para 4,75%) pela primeira vez desde 2020. O BC (Banco Central) calcula que a probabilidade de a alta furar novamente o teto da meta do CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 67%.
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No mês, oito dos nove grupos de produtos e serviços investigados pela pesquisa tiveram inflação, com destaque para as variações de preços dos transportes (+0,35%) e alimentos e bebidas (+0,31%), que têm maior peso no índice.
Além do aumento das passagens aéreas, o grupo de transporte teve como destaque as altas do táxi (+1,42%) e do óleo diesel (+0,33%), único item dos combustíveis que registrou inflação. No período, os preços da gasolina (-1,53%), do gás veicular (-1,23%) e do etanol (-0,96%) caíram.
“A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes”, afirma Almeida.
Entre os setores pesquisados, o único que registrou deflação foi o de comunicação (-0,19%), impulsionado pelas quedas nos preços dos aparelhos telefônicos e dos planos de telefonia fixa. Habitação (+0,02%), educação (+0,05%), despesas pessoais (+0,27%), saúde e cuidados pessoais (+0,32%), vestuário (+0,45%) e artigos de residência (+0,46%) apresentaram variações positivas em outubro.
Alimentos
Os preços dos alimentos e bebidas, que vinham de quatro deflações consecutivas, voltaram a subir, com variação da alimentação no domicílio (+0,27%). A alta foi impulsionada pelo aumento nos preços da batata-inglesa (+11,23%), da cebola (+8,46%), das frutas (+3,06%), do arroz (+2,99%) e das carnes (+0,53%).
Almeida ressalta ainda que o arroz acumula alta de 13,58% neste ano. "Esse resultado é influenciado pela menor oferta, já que ele está no período de entressafra e houve maior demanda de exportação. No caso da batata e da cebola, a menor oferta é resultado do aumento de chuvas nas regiões produtoras, que prejudicou a colheita", explica ele.
Por outro lado, os preços das carnes vinham em queda desde janeiro, e a deflação acumulada no período é de 11,08%. Outros itens básicos na mesa do brasileiro tiveram queda em outubro, como o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%).
Já a alimentação fora do domicílio (0,42%) ficou mais cara, com o aumento da refeição (0,48%) e do lanche (0,19%). “De maneira geral, esse grupo tem apresentado altas seguidas, mas em outubro houve uma aceleração, passando da variação de 0,12%, em setembro para 0,42%”, diz o pesquisador.