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Banco Central vê possibilidade maior de inflação estourar o teto da meta pelo terceiro ano consecutivo

Relatório Trimestral de Inflação prevê alta de 5% do IPCA neste ano e eleva de 61% para 67% o risco de o índice furar a meta do CMN

Economia|Do R7

O BC (Banco Central) apresentou nesta quinta-feira (28) uma nova edição do RTI (Relatório Trimestral de Inflação). No documento, a autoridade monetária mantém em 5% a expectativa de avanço dos preços neste ano, mas eleva de 61% para 67% a probabilidade de o índice furar o teto da meta do governo pelo terceiro ano seguido.

O limite da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).

O BC explica que a manutenção da expectativa de avanço dos preços em 5% é resultado de um ambiente econômico que registrou poucas alterações. "Vários fatores atuaram para cima e para baixo, mas tenderam em boa medida a se compensarem", diz o RTI. 

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Entre os movimentos, o BC menciona a trajetória mais baixa da taxa Selic, a disparada do preço do petróleo e indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado como determinantes para uma alta maior dos preços. Por outro lado, inflação menor do que a prevista ao longo dos últimos meses e a redução das expectativas do mercado financeiro motivam a projeção inalterada.


"A inflação ao consumidor, medida pelo IPCA, surpreendeu para baixo no trimestre encerrado em agosto. [...] Em sentido contrário, a projeção de inflação de setembro foi revista de 0,26% no relatório anterior para 0,38% no atual", afirma o relatório.

Ao analisar as recentes surpresas que indicam uma inflação menor neste ano, o BC destaca as variações mais baixas do que as previstas em alimentos como leite, carnes e frango, além da evolução das variações do aluguel residencial.


Para os próximos anos, o BC estima que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) feche 2024 em 3,5%, 2025 em 3,1% e 2026 em 3%, o que corresponde a uma desaceleração em cada um dos anos.

El Niño e guerra preocupam

No caso dos preços de alimentação no domicílio, o BC afirma que a nova projeção incorpora, além da sazonalidade menos favorável, impactos de grandeza limitada derivados do fenômeno climático El Niño.

"Existe incerteza relevante em relação à magnitude e ao momento desses impactos, que, no curto prazo, tendem a se manifestar em preços mais elevados de produtos in natura. Os preços de bens industriais devem seguir em trajetória de desinflação, em linha com a evolução ainda favorável nos preços ao produtor", avalia.

O BC também acompanha de perto o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia na inflação. "Após o período inicial de incertezas relacionadas ao conflito, a perspectiva de normalização das exportações de grãos da Rússia e da Ucrânia levou a recuos nos preços internacionais de grãos", recorda.

"Nos meses seguintes e em 2023, no entanto, os riscos para a continuidade do fluxo de grãos da região continuaram relevantes, com reflexos nos preços", observa o relatório apresentado pela autoridade monetária.

A queda no preço da carne e do leite no segundo semestre de 2022 também reflete fatores específicos, que se prolongaram em 2023, estima o BC. "No caso do leite, além da queda de preço de insumos, houve aumento relevante da importação de produtos lácteos do Mercosul. No caso da carne, iniciou-se um ciclo mais forte de oferta de boi gordo, com aumento do abate de fêmeas", completa.

Morango, mamão, cenoura e batata guiam maior deflação dos alimentos desde 2020

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