Mesmo com preços altos, brasileiro economiza mais se cozinhar em casa
Refeição fora de casa teve aumento acima da inflação nos últimos 12 meses
Economia|Fernando Mellis, do R7
Ir ao supermercado e conseguir sair com todos os produtos que precisa sem gastar muito se tornou tarefa difícil para o brasileiro nos últimos meses. A advogada paulistana Graça Melilli que o diga. Ela calcula que, nos últimos meses, passou a gastar 30% a mais na sua cesta de compras tradicional.
— As frutas e verduras estão bem caras, principalmente tomate e batata. Mas não é só isso. Até o alho e a cebola, e a salsinha. São coisas que a gente não tem como escapar, estão em todos os pratos.
Os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam isso. Desde abril do ano passado, o preço da cebola já subiu 38,63%; a batata, 13,38%; o alho, 24,42%, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Além disso, o feijão carioquinha, muito consumido no Brasil, acumula alta de 22,34%, e as carnes suína e bovina, 17,61%.
Em 2015, o PF (prato feito) do brasileiro já está bem mais caro, a começar pelo feijão-carioca — 30,34% mais pesado no bolso da dona de casa. A batata está 28% mais cara e o tomate, 26% (veja o quanto o PF ficou mais caro mais abaixo). O professor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) Fabio Gallo diz que a alta do preço dos principais alimentos é um processo crescente desde o ano passado.
— Esperava-se, em 2014, que a estiagem que prejudicou a produção em muitos Estados fosse passar. Mas ela continuou, e os preços que já estavam altos ficaram mais altos ainda. E aí entra o tomate, a cebola, a batata-inglesa. No caso da carne, a Rússia passou a comprar do Brasil, o que diminuiu a oferta no mercado interno e, consequentemente, elevou os preços.
A empregada doméstica Maria Aparecida Moreira também percebeu que a conta do supermercado fica mais cara a cada mês. Ela lembra que, há cinco anos, costumava gastar cerca de R$ 500.
— Minha família é de quatro pessoas. Se eu comprar o básico, hoje, gasto R$ 800 por mês.
Ela ainda conta que passou a substituir alguns produtos, mas admite que às vezes precisa radicalizar.
— Tem que diminuir a quantidade, comprar menos ou não comprar. Mas se ficar de olho nas promoções, encontra uma coisa mais barata, aí acaba compensando e dá para levar outra mais cara.
Ainda assim, Graça e Maria concordam que é muito mais barato fazer comida em casa. A inflação oficial nos últimos 12 meses foi de 8,13%. Enquanto isso, a alta dos alimentos consumidos em casa foi menor: 7,22%. Por outro lado, a refeição fora do lar ficou 10,03% mais cara.
Para a advogada, além do custo menor, há outra vantagem.
— Você sai em um restaurante, brincando, você gasta R$ 100. Com esse dinheiro, compro uma peça de filé de boa qualidade e minha família inteira come. Não tenho como escapar dos restaurantes durante a semana. Mas, na rua, você não tem certeza da qualidade daquilo que está comendo.
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