Rombo nas contas públicas pode superar R$ 96 bilhões, diz economista
Especialista afirma que o aumento dos gastos do governo central foi generalizado
Economia|Do R7
![Enquanto os gastos aumentaram 8%, a receita do governo caiu 13%](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/GZEZWGH5ZFL7DNW6XUAWPG7I4M.jpg?auth=8fc51bf13de056fb5432df999af50b623554eb4a6df3b6cb1df507d2f6ec7c7c&width=780&height=536)
Para economistas, o rombo nas contas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central) em fevereiro, de R$ 25 bilhões, indica que mesmo a previsão do próprio governo de déficit de até R$ 96 bilhões para o ano pode estar subestimada.
"Preocupação fiscal praticamente não existe. As receitas estão caindo — uma queda de 2% da receita em termos nominais é muito significativo — e os gastos continuam subindo", disse o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores.
Para ele, o resultado nominal precisa ganhar mais importância, já que o peso dos encargos da dívida está alarmante.
— O Brasil se escondeu em superávit primário por anos e deixou o custo da dívida subir demais. Agora, o problema está bem grave: o déficit pode ser muito pior do que o esperado e podemos ver uma explosão da dívida pública.
Contas do governo têm rombo de R$ 25 bilhões no pior fevereiro da história
Biscuola ainda disse que a recessão econômica foi "contratada" há anos, com decisões erradas, principalmente a partir de 2014.
— A crise então não é tanto pelo viés político, mas o agravamento dela pode ter a influência do político, especialmente pela queda de confiança e postergação de tomada de decisões.
Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Associados, lembra que as despesas primárias do governo central subiram 8% em termos reais em fevereiro ante o mesmo mês de 2015, e que esse aumento indica que o Poder Executivo liberou os gastos com a nova meta fiscal, que permite um déficit primário de até R$ 96 bilhões neste ano.
— O avanço dos gastos foi generalizado.
Segundo ele, foi registrado aumento de despesas, por exemplo, em benefícios previdenciários, pagamento de seguro desemprego e o Programa de Aceleração do Crescimento, uma indicação de tentativa de aumento de investimentos públicos.
— Por outro lado, a receita líquida do governo central caiu 13% em fevereiro de 2016 em relação ao mesmo mês do ano passado, um resultado coerente com a profunda recessão da economia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.