Servidores do IBGE entregam cargos contra forma de condução do Censo
Censo Demográfico de 2020 foi orçado pela equipe técnica em pouco mais de R$ 3 bilhões, mas será realizado com R$ 2,3 bilhões
Economia|Do R7
O corte no questionário do Censo Demográfico, que vai a campo no País em 2020, provocou nesta quinta-feira (6) uma manifestação de servidores públicos, políticos e ex-presidentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Diante dos acontecimentos, quatro servidores em posições de chefia entregaram seus cargos em protesto contra a forma como a atual direção vem conduzindo os preparativos para o levantamento censitário.
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Os técnicos que pediram exoneração são:
• Andréa Bastos, assessora da Diretoria de Pesquisas, responsável por substituir o diretor de Pesquisas e principal interlocutora junto a área econômica da instituição;
• Marcos Paulo Soares, coordenador da Coordenação de Metodologia e Qualidade, responsável pela definição da amostra nas pesquisas realizadas pelo IBGE;
• Barbara Cobo, coordenadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais, responsável por planejar, coordenar e executar estudos populacionais e pesquisas estatísticas para a caracterização da situação social e demográfica do país.
• Leila Ervatti, gerente da área de demografia.
"O mais importante núcleo técnico ligado ao Censo Demográfico acaba de anunciar um pedido coletivo de exoneração por compreender que o processo vem sendo conduzido de forma inadequada, em desatenção às evidências técnicas sistematizadas em estudos sólidos apresentados à direção do IBGE", justifica a nota distribuída pelo sindicato de servidores do instituto, o Assibge.
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O anúncio foi feito durante o debate de lançamento da campanha Todos Pelo Censo 2020, no Rio, onde fica a sede do instituto. No evento, que reuniu cerca de 300 pessoas, três ex-presidentes do órgão fizeram a defesa pública da manutenção do Censo conforme formulado pela equipe técnica: Roberto Olinto, Wasmália Bivar e Eduardo Nunes.
Todos lembraram a excelência do trabalho exercido pelo instituto e pediram aos servidores presentes, vários em cargo de gerência atualmente, que não abandonem suas posições, apesar das supostas pressões e ingerências sobre o trabalho técnico do órgão.
"Os funcionários do IBGE não podem brigar. Não saiam, resistam, desobedeçam se não for uma ordem decente, não cumpram", aconselhou Eduardo Nunes, que presidia o IBGE no Censo de 2010.
"Não tem sentido chegar a uma polêmica sobre essa operação clássica com características técnicas", discursou Roberto Olinto substituído no fim de fevereiro pela atual presidente, Susana Cordeiro Guerra. "Há uma tentativa de descrédito à equipe do IBGE sistematicamente."
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Os técnicos presentes desconstruíram argumentos da nova direção para justificar a necessidade de um censo mais enxuto. Wasmália Bivar, que antecedeu Olinto na presidência, lembrou que pesquisa amostral não alcança o nível municipal e que o órgão já utiliza registros administrativos há décadas na sua produção, apesar das dificuldades de obter informações com regularidade de órgãos oficias. "Quem trabalha sabe como é árduo manter esse acesso de forma consistente ao longo do tempo", relatou Wasmália.
A ex-presidente lembrou ainda que o instituto já integra a Comissão de Estatísticas das Nações Unidas e que estuda e firma parcerias com países que produzem estatísticas de forma bem-sucedida, em uma crítica à busca de Susana por consultorias do Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. "Convidamos quem fez, não quem ouviu falar de quem fez", disse Wasmália.
O Censo Demográfico foi orçado pela equipe técnica em pouco mais de R$ 3 bilhões, mas Susana Cordeiro Guerra anunciou que fará o levantamento com R$ 2,3 bilhões. "O Censo deixou de ser Censo. O Censo virou uma contagem rápida de população", criticou Eduardo Nunes.