Setor de serviços cresce 8,3% em 2022 e recupera o maior patamar da história
Segmento responsável por 70% da economia nacional atingiu o recorde histórico ao avançar 3,1% em dezembro, mostra IBGE
Economia|Do R7
O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 8,3% em 2022 e fechou o ano passado no maior nível da série histórica, iniciada em 2011, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O recorde surge com a retomada do crescimento do setor mais importante da economia nacional no mês de dezembro, quando o volume de serviços prestados aumentou 3,1%, desempenho que reverte a sequência de dois meses seguidos no campo negativo.
Responsável por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, o setor terciário atingiu o patamar mais alto da série história em setembro. O ganho, no entanto, foi revertido nos meses de outubro (-0,7%) e novembro (-0,4%) e retomado com força em dezembro.
Com o desempenho positivo, o segmento também amplia o distanciamento em relação ao nível pré-pandemia e aparece em um patamar 14,4% acima do volume apresentado em fevereiro de 2020, o último mês sem restrições para conter o avanço do novo coronavírus.
Atividades
Para o analista da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) Luiz Almeida, a retomada de serviços presenciais após o período de isolamento e distanciamento social de 2020 e 2021 ajuda a explicar a expansão do setor no ano passado, com altas expressivas dos ramos de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,3%).
“O setor de transportes cresce desde 2020, mas com dinâmica diferente: inicialmente, por causa da área de logística, com alta nos serviços de entrega, em substituição às compras presenciais. Já em 2022, há a manutenção da influência do transporte de carga, puxado pela produção agrícola, mas também pela reabertura e a retomada das atividades turísticas, o que impactou o índice no transporte de passageiro”, explica Almeida.
O volume de transporte de passageiros no Brasil teve alta de 7,1% em dezembro, na comparação com novembro, e fechou 2022 com alta de 29,2%, patamar 5,4% acima do nível pré-pandemia, mas ainda 18,2% abaixo do apurado em fevereiro de 2014, mês que corresponde ao ponto mais alto da série histórica.
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Já a área de transportes de cargas cresceu 1,4% em dezembro, com alta de 15% em 2022. O setor está 0,6% abaixo do maior ponto de sua série, alcançado em agosto de 2022, e 33,4% acima do nível de fevereiro de 2020.
Os serviços profissionais, administrativos e complementares foram o segundo setor com maior impacto no resultado positivo, com expansão de 7,7%. Nesse caso, os destaques partiram dos ramos que envolvem empresas de locação de automóveis, serviços de engenharia, soluções de pagamentos eletrônicos e organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções.
A alta em serviços prestados às famílias, terceira influência na lista, foi de 24%, puxada por segmentos como restaurantes, hotéis, bufês, catering e condicionamento físico. “Em linhas gerais, setores também ligados a atividades presenciais”, analisa Almeida. O setor de informação e comunicação cresceu 3,3% e fecha o campo das altas.
O único segmento a apresentar retração no ano de 2022 foi o setor de outros serviços (-2,1%), sob a influência de serviços financeiros auxiliares, como corretoras de títulos e valores mobiliários, administração de Bolsas e mercados de balcão organizado e administração de fundos por contrato ou comissão.
Segundo Almeida, o movimento também está relacionado à retomada dos serviços presenciais, mas de maneira inversa. “Durante o período de isolamento mais severo, as famílias de maior renda, que participam mais desse segmento, realocaram o gasto para esse setor. Com a retomada pós-isolamento, a leitura é que a distribuição de investimentos mudou, com uma realocação dos gastos familiares”, explica o pesquisador.