Impacto da pandemia é maior sem inclusão digital, dizem analistas
Países que investiram em recursos tecnológicos conseguiram reduzir danos na educação gerados pelo fechamento de escolas
Educação|Do R7
O fechamento de escolas durante a pandemia impactou a educação de todos os países, mas aqueles que já vinham investindo na inclusão digital conseguiram ao menos reduzir os danos — não foi o caso do Brasil e, por isso, por aqui foram brutas as perdas de aprendizagem. A avaliação é de especialistas que participaram ontem da Brazil Conference at Harvard & MIT 2021, evento organizado pela comunidade de estudantes brasileiros de Boston (EUA), em parceria com o Estadão.
Rede estadual prioriza estudantes em situação de vulnerabilidade
"De 1997 até 2017 não tivemos nenhum investimento significativo em tecnologia das escolas", disse Lucia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira. Ela cita o caso da Estônia, onde já havia um sistema educacional apoiado no uso da tecnologia e cujas perdas foram pequenas na pandemia.
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Professora da educação básica na Secretaria de Educação do Distrito Federal há 29 anos, Gina Vieira Ponte foi na mesma linha ao dizer que não é possível situar a atual conjuntura brasileira apenas nos dois últimos anos. Segundo ela, o Brasil sempre "pecou" em relação a suas políticas de inclusão digital de docentes e estudantes. "Temos um problema de descontinuidade e falta de consistência nas políticas publicas, além de dificuldade em investir os recursos de maneira adequada."
Mesmo diante das dificuldades impostas na pandemia, que incluem a falta de acesso à internet por parte de muitos estudantes, ela avalia que os professores se saíram bem. "Felizmente, temos uma categoria muito engajada."
Fundadora e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, Claudia Costin avalia que as perdas de aprendizagem no País foram "brutais" e devem aprofundar as desigualdades educacionais. "É inegável que um ano letivo inteiro de escolas fechadas frente à necessidade de isolamento vai nos cobrar um preço." Apesar do sofrimento, a crise traz o componente de aceleração de futuros que, na educação, deve ter um olhar para a inclusão digital, disse.