Mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes não estavam na escola em 2022, aponta Censo
Frequência escolar bruta mede a proporção da população de determinada faixa etária que estuda
Educação|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

O Censo Escolar de 2022, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revela que mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos não estavam frequentando a escola no ano analisado. Apesar de 98,3% das crianças de 6 a 14 anos estarem matriculadas e frequentando as aulas, ainda havia 431.594 crianças fora da escola. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, a taxa de frequência foi de 85,3%, deixando 1.271.678 jovens sem acesso ao ambiente escolar.
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Entre os anos 2000 e 2022, a pesquisa identificou um crescimento na frequência à escola ou creche da população de até 17 anos. As taxas mais expressivas foram registradas nas seguintes faixas etárias:
- 0 a 3 anos: a taxa de frequência escolar bruta avançou 24,5 pontos percentuais, passando de 9,4% para 33,9%;
- 4 a 5 anos: a elevação foi de 35,3 pontos percentuais, passando de 51,4% para 86,7%.
Porém, nas outras faixas etárias, o avanço foi mais “modesto”, segundo o estudo:
- 6 a 14 anos: a elevação registrada foi de 5,2 pontos percentuais, crescendo de 93,1% para 98,3%. Segundo a pesquisa, a escolarização já se encontrava relativamente próxima da universalização.
- 15 a 17 anos: a elevação registrada foi de 7,9 pontos percentuais, passando de 77,4% para 85,3%.
Ao contrário do que ocorreu nos grupos etários mais jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos, a taxa bruta de frequência escolar apresentou uma redução de 0,7 ponto percentual entre 2000 e 2010 e mais 2,9 pontos percentuais entre 2010 e 2022. Esse resultado se deve à diminuição da parcela de jovens dessa faixa etária frequentando o ensino médio ou níveis anteriores.
O que é a taxa de frequência escolar bruta?
A taxa de frequência escolar bruta mede a proporção da população de uma determinada faixa etária que frequenta qualquer nível de ensino, incluindo creches e ensino superior, independentemente do nível de educação cursado. Esse índice é calculado em relação à população total da faixa etária analisada.
Regiões
A pesquisa mostrou que a taxa de frequência escolar apresenta uma variação regional relevante. A região Norte registrou o menor percentual de pessoas que frequentavam a escola em todas as faixas etárias, exceto no grupo de 18 a 24 anos.
O grupo de 0 a 3 anos apresenta as maiores diferenças quando a comparação é feita entre regiões. No Norte, 16,6% das crianças dessa faixa etária frequentavam a creche, enquanto no Sudeste o índice salta para 41,5%.
Fundamental incompleto
Dados da mesma pesquisa mostram que, em 3.008 municípios brasileiros, mais da metade da população de 25 anos ou mais não tinha o ensino fundamental completo, ou qualquer instrução. A situação foi observada na maioria das cidades brasileiras. Por outro lado, em 75 municípios, mais de um quarto da população desta faixa etária tinha ensino superior completo.
Mulheres estudam mais
A pesquisa também mostrou que mulheres têm, em média, mais anos de estudo do que homens a partir dos 25 anos. A média nacional é de 9,6 anos de estudo nesta faixa etária, mas entre as mulheres o número sobe para 9,8 anos, enquanto entre os homens cai para 9,3 anos. A diferença é mais acentuada até os 49 anos e diminui nas faixas etárias mais velhas. “Combinando a desagregação por grupos de idade com a desagregação por sexo, nota-se que a diferença da média de anos de estudos em favor das mulheres é mais ampla entre a população de até 49 anos, declinando nas faixas etárias mais velhas”, diz o estudo.