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Nova proposta traz mais exigências para o homeschooling

Alunos seriam submetidos a avaliações trimestrais e os pais teriam de "assegurar a convivência comunitária" das crianças

Educação|Do R7

Proposta tem regras mais rígidas que as anunciadas por Bolsonaro
Proposta tem regras mais rígidas que as anunciadas por Bolsonaro Proposta tem regras mais rígidas que as anunciadas por Bolsonaro

Na tentativa de neutralizar as críticas e aprovar ainda este semestre o homeschooling, o MEC (Ministério da Educação) elaborou um novo texto para o projeto de lei que autoriza a modalidade no País. O substitutivo, ao qual o Estadão teve acesso, tem regras mais rígidas que a proposta anterior do próprio governo Bolsonaro, mas ainda consideradas insuficientes por especialistas. Alunos que estudam em casa seriam submetidos a avaliações trimestrais e os pais teriam de "assegurar a convivência comunitária" das crianças, mas não fica claro como isso seria fiscalizado.

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Educadores têm insistido que o ensino domiciliar não deveria ser prioridade em um momento de pandemia, com escolas fechadas e necessidade de ensino híbrido. Em audiência pública nesta semana na Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se disse "totalmente favorável" ao homeschooling e afirmou que a única razão para o País não adotá-lo é "politizar o tema".

O substitutivo ao projeto de Lei 2401, de 2019, foi elaborado pelo MEC e pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Diz que o homeschooling deve ter "como base os conteúdos curriculares mínimos referentes ao ano escolar". O projeto anterior mencionava só que a "educação domiciliar visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". No entanto, o novo texto não cita a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017 no País, que dá as diretrizes do que os alunos devem aprender em cada série.

O texto inclui também que um dos pais deve ter cursado ou estar cursando ensino superior. E ainda que instituições de ensino precisam se credenciar para se tornarem responsáveis por avaliar os estudantes que estão em casa. Ambas as exigências não estavam na proposta anterior. Mas não é possível saber quais instituições seriam essas, particulares ou públicas.

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Segundo o Estadão apurou, há grande pressão do governo para colocar a pauta em votação rapidamente e alguns deputados ligados à educação decidiram tentar ao menos colocar limites para o homeschooling. Entre eles, um acompanhamento mensal dos alunos, a exigência de os conteúdos ensinados pelos pais seguirem a BNCC e do responsável ter concluído o ensino superior. Há ainda a preocupação de se garantir que as crianças tenham uma convivência social e como isso seria acompanhado.

A relatora do projeto é a deputada Luisa Canziani (PTB-PR), considerada moderada e que circula bem entre educadores e governo. Ela pretende analisar os sete projetos de lei que existem na Câmara sobre o assunto e o substitutivo do governo para apresentar um novo texto em três semanas.

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Como vivem na clandestinidade, uma vez que hoje a matrícula na escola é obrigatória por lei a partir dos 4 anos, é impossível saber o número correto de famílias que praticam o homeschooling. Segundo o ministro Ribeiro, são 35 mil. Mas outras estimativas falam em 7 mil, muitas delas evangélicas e católicas. "O que nós queremos é dar escolha para as famílias no que elas entendem ser melhor para seus filhos", disse Ribeiro na audiência, em que contou também que suas filhas foram alfabetizadas pela sua sogra.

A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, acredita que o período de isolamento mostrou a dificuldade que as famílias têm em ensinar seus filhos em casa. Ela lembra ainda que a escola ajuda a acompanhar se há comportamento de risco, com violências ou abusos das crianças. "Precisamos priorizar a melhoria da educação brasileira, a reabertura das escolas, as medidas mitigadoras da perda de aprendizagem, o combate à evasão."

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Para o presidente do conselho de secretários de educação estaduais (Consed) e secretário do Espírito Santo, Vitor De Angelo, por trás da defesa do homeschooling "há uma crítica ao papel da escola e uma deslegitimação do profissional da educação". Gestores questionam ainda como Estados e municípios farão o acompanhamento desses alunos e com qual orçamento.

"O homeschooling é extremamente deletério para a educação básica", diz o líder de relações governamentais do Todos pela Educação, Lucas Hoogerbrugge. Para ele, a aprovação do projeto põe em risco "milhões de crianças que hoje têm obrigação de ir para escola e para quem o Estado tem o papel de prover educação de qualidade."

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