'Tenho que dar aula e implorar para o aluno estudar', diz professora
Maior desafio para os profissionais da educação está sendo o resgate e a busca ativa dos estudantes que estão fora das escolas
Educação|Alex Gonçalves, do R7*
"Tenho que dar aula e ainda implorar para o aluno estudar, é difícil", desabafa a professora Isis Silva da Emef Professor Aurelio Arrobas Martins ao falar sobre a força-tarefa para recuperar os estudantes que deixaram de estudar durante a pandemia de covid-19.
"Apesar do esforço, há crianças e adolescentes que ficaram sem participar das atividades online, aumentando o risco de abandono", explica a professora. "Por isso a importância das ações de busca ativa escolar", comenta. Com a vacinação dos professores e a queda de indicadores da pandemia muitas escolas retomaram as aulas presenciais na maior parte do país. Mas o maior desafio para os profissionais da educação está sendo o resgate dos estudantes.
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A professora explica que o trabalho de busca ativa escolar é monitorado por meio de uma planilha preenchida semanalmente com algumas informações como:
- Aluno comparece nas aulas presenciais;
-Realiza atividades na plataforma online (Google sala de aula);
-Família retirou atividades impressa na escola;
-Família retirou tablet.
"Quando constatamos a ausência do estudante — a equipe pedagógica, coordenação, secretaria e professores — realizamos a busca ativa através de ligações telefônicas, envios de emails, mensagens por WhatsApp", explica. "Para casos extremos de abandono escolar-familiar, também acionamos o conselho tutelar".
Na última sexta-feira (3) o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lançou o “Programa de Combate à Evasão Escolar na Rede Municipal”. A ação tem como objetivo prevenir e resgatar as crianças e os adolescentes que deixaram a escola durante esse período de pandemia. A iniciativa tem como parceiro o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Instituto Liberta.
Na rede estadual, o governo investe em Iniciativas de recuperação do conteúdo e aprendizagem. Bruna Waitman, coordenadora do Centro de Mídias SP, conta que a busca ativa escolar na rede estadual de ensino já existe desde abril de 2020. "O foco sempre foi o estudante e por isso desenvolvemos ações para que pudessem ajudar a todos quanto o acesso às aulas", diz.
O Centro de Mídia SP possui um aplicativo gratuito para que os estudantes possam acompanhar as aulas com dados patrocinados. "Mesmo sem internet o aluno consegue acessar todo o conteúdo", explica a coordenadora. Como parte das ações da Busca Ativa as aulas são disponibilizadas em canais abertos e digitais e disponibilização de chips com internet para professores e estudantes da rede estadual de educação.
Outras ações no combate a evasão escolar é o Programa Bolsa do Povo Educação é destinado aos estudantes mais vulneráveis, prioritariamente, do ensino médio da rede estadual. A ação prevê o pagamento de R$1 mil, por ano letivo, e tem como objetivos principais a recuperação da aprendizagem e o combate à evasão escolar.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder