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A maiúscula vitória de Nunes (apesar de Bolsonaro)

Nunes teve 59,35% dos votos, contra 40,65% de Boulos, o que corresponde a 3.393.110 votos

Eleições 2024|Vladimir Porfírio, especial para o R7

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), foi reeleito no segundo turno das eleições municipais Reprodução/RENATO S. CERQUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Num cenário eleitoral complexo, em que São Paulo reafirma sua vocação para a liderança política do país, a vitória de Ricardo Nunes emerge como um marco de determinação, destreza e habilidade de negociação. A recondução de Nunes à prefeitura não só consolida seu projeto de gestão, mas também revela o surgimento do governador Tarcísio de Freitas como principal operador do centro e da direita nacional.

O resultado, entretanto, trouxe um enigma político: a estranha, quase fantasmal, figura de Jair Bolsonaro, que fez questão de passar ao largo da campanha, deixando a sensação de um apoio envergonhado.

Ao longo da campanha, Bolsonaro optou por flertar com Pablo Marçal, numa jogada que, de início, parecia um jogo duplo, mas que logo se revelou um estratagema sem substância. Marçal, que nunca conseguiu decolar, virou uma peça decorativa, enquanto Bolsonaro alternava entre um apoio morno a Nunes e uma indiferença que chegou a ser irritante para os líderes de seu próprio partido.

Tivemos um caso clássico de apoio tímido e quase medroso, que colocava em xeque o comprometimento com a vitória na maior capital do país. Algo que, entretanto, não contou com a cumplicidade do presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto. O caciques liberal foi Nunes de fio a pavio.


A postura de Bolsonaro, marcada por hesitação e ambiguidade, abriu espaço para especulações. Qual era o verdadeiro compromisso do ex-presidente com a candidatura de Nunes? Por que a falta de entusiasmo em pedir votos para o prefeito que representava a coligação de seu partido? E mais: por que o completo silêncio nos momentos mais decisivos, como se estivesse deliberadamente se ausentando do palco da política paulista?

No ápice dessa estranha relação, a ausência de Bolsonaro no anúncio da vitória de Nunes se tornou emblemática. No palco da vitória, estavam presentes os principais líderes da aliança vitoriosa, figuras de peso que, juntas, enviaram uma mensagem clara de unidade e apoio. Bolsonaro, contudo, mais uma vez não apareceu.


Uma ausência que falou mais alto que qualquer discurso. Até porque, as palavras de Nunes fazia questão de reiterar a liderança do governador Tarcísio de Freitas, tratado como “futuro para o Brasil”.

É difícil não enxergar nesse comportamento uma falta de fibra, uma atitude que nos faz questionar a capacidade de Bolsonaro em entender a importância de São Paulo como termômetro político. São Paulo não é apenas a maior cidade do Brasil; é o coração econômico e uma vitrine da democracia. Ao se ausentar, Bolsonaro transmitiu uma mensagem negativa, que lhe custará o preço de uma confiança abalada.

É por essas e outras que a vitória de Ricardo Nunes deve ser exaltada: ele venceu sem o peso do apoio de Bolsonaro, provando que não precisava do fantasma do ex-presidente para consolidar seu projeto.

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