Discussões sobre problemas da cidade e críticas à atual gestão marcam debate em BH
Seis candidatos à prefeitura se enfrentaram em confronto direto e com temas livres em três blocos; veja o resumo e assista à íntegra
Eleições 2024|Pablo Nascimento e Maria Luiza Reis, do R7
O debate da RECORD Minas com os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, realizado na noite deste sábado (28), foi marcado por discussões sobre problemas que afetam a cidade e críticas à atual gestão. (Veja abaixo o resumo de cada bloco e a íntegra do debate)
Em mais de duas horas de programa, os postulantes se enfrentaram em três blocos de confrontos diretos e com temas livres. Neste ano, o modelo de “banco de tempo” deu aos políticos liberdade para administrar o número de falas dentro de uma pergunta ou resposta, trazendo mais dinamismo. Ao final, cada concorrente teve dois minutos de considerações finais.
Foram convidados a participar os sete candidatos de partidos que têm ao menos cinco representantes no Congresso, conforme prevê a Legislação Eleitoral. O atual prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), desistiu de participar do debate. No dia 19 de agosto, o representante legal da candidatura de Noman participou da reunião na emissora que definiu as regras e assinou o documento que previa a participação dele no encontro. No entanto, Fuad não compareceu.
Conforme previsto nas regras, o tempo do candidato ausente foi redistribuído aos presentes. Compareceram ao debate os candidatos Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT), Gabriel Azevedo (MDB), Mauro Tramonte (Republicanos) e Rogério Correia (PT).
Assista à íntegra do debate da RECORD Minas com os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte em 2024:
Bloco 1
Conforme ordem do sorteio feito com os assessores dos candidatos, no primeiro bloco, Carlos Viana abriu a rodada de perguntas. Ele escolheu Bruno Engler para responder. O senador perguntou ao deputado estadual qual é o déficit orçamentário da cidade e o impacto para o município.
Engler avaliou o cenário como “muito preocupante”.”O que vamos fazer é fomentar a economia de Belo Horizonte. Temos o compromisso de rever o plano diretor para atrair novamente o setor de construção civil que, além de gerar ISS [Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza]
é o único capaz de gerar novos IPTUs [Imposto Predial e Territorial Urbano] e novos ITBIs [Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis] na cidade. Aumenta a arrecadação no município. Vamos descaracterizar a atividade comercial com a revisão do código de posturas que, hoje, engessa demais a atividade de quem gera renda em Belo Horizonte”, propôs o candidato. Engler seguiu a ordem e escolheu o deputado estadual Mauro Tramonte para responder sua pergunta. O candidato do PL questionou o representante do Republicanos sobre eventuais indicações de ex-secretários da gestão de Alexandre Kalil no governo dele, caso seja eleito.
“Quando nós fechamos apoio político com Kalil, ele não me pediu nada. Não houve esse acordo. Eu não prometi nada para o Kail e ele não pediu nada para mim. Não existe compromisso nem com Ângela [Dalben] e nem com Jackson [Machado]. Eles não serão nossos secretários”, afirmou Tramonte.
Em seguida, Mauro Tramonte escolheu a deputada federal Duda Salabert para responder uma pergunta dele. O candidato do Republicanos pediu a avaliação dela sobre o subsídio que a prefeitura está repassando às empresas de ônibus que operam na cidade.”Entregam esse transporte de péssima qualidade, com tarifa cara, ônibus poluente, que não roda de madrugada e atrasado. Na pandemia, reduziram a frota e não voltou ao que era antes. Não tenho nada contra o subsídio, até porque, em Brasília, eu tenho lutado para criar o sistema único de mobilidade urbana, que vai oferecer subsídio e caminhos para mobilidade de todo Brasil. Mas dar R$ 1 bilhão para não garantir contrapartida e deixar o transporte de péssima qualidade é falta de gestão da prefeitura”, criticou. Já Duda Salabert escolheu o deputado federal Rogério Correia para respondê-la. A parlamentar perguntou quais os projetos do petista para o combate à fome em BH.”Nós vamos implantar um programa que eu estou chamando de Bolsa BH. Você que recebe o Bolsa Família vai receber R$ 300 a mais por mês. Este recurso é para que a fome seja combatida. A prefeitura também vai buscar que essas famílias tenham acesso a educação tecnológica e fundamental para que ela possa ter um emprego na nossa cidade”, sugeriu.
Rogério Correia pediu ao vereador Gabriel Azevedo para detalhar o levantamento que apontou empresários do setor de transportes financiando parte da campanha de reeleição do atual prefeito Fuad Noman.
“Essa história que vai desaguar em um tanto de empresário de ônibus pegando dinheiro e colocando na campanha do candidato que faltou aqui, o Fuad Noman. Pensa comigo. Tem um candidato recebendo dinheiro de empresa de ônibus. O próximo prefeito terá como uma das principais responsabilidades fazer o próximo contrato [de concessão]. Isso não vai dar bom”, criticou.
Gabriel Azevedo perguntou ao senador Carlos Viana sobre que ele pretende fazer, caso eleito, em relação à mobilidade da cidade, agora que a obra de expansão do metrô para a regional Barreiro já está em andamento.
“Você que mora no Barreiro, o metrô vai ser entregue em 2028. Não é mais uma promessa. é uma solução que, como senador, eu consegui para a cidade. Vamos resolver o problema desses ônibus que estão pagando candidatura não só do prefeito. Os ônibus estão patrocinando outras candidaturas e isso vai aparecer. Nós vamos criar uma tarifa integrada para Belo Horizonte. As pessoas vão poder sair com a mesma tarifa de casa, vir de metrô até o centro, pegar ônibus circulares novos que vamos fazer, irem até Contagem. Vamos respeitar o salário do trabalhador”, sugeriu Viana.
Bloco 2
Conforme ordem do sorteio feito com os assessores dos candidatos, no segundo bloco, Bruno Engler abriu o bloco de perguntas. Ele escolheu Mauro Tramonte para responder. O deputado perguntou qual as propostas do candidato para educação, considerando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da cidade caiu nos últimos anos.
“O Indeb caiu no Brasil inteiro, principalmente depois da pandemia. Precisamos saber o que está acontecendo. Isso não foi só em BH e é uma coisa muito séria. Nossas crianças precisam ter bons estudos, precisam sair da escola sabendo ler, escrever e fazer contas. Precisamos também cuidar dos professores”, respondeu o candidato.
Em seguida, o deputado Mauro Tramonte perguntou ao senador Carlos Viana sobre a falta de profissionais na saúde da capital mineira.
“É muito fácil falar que vamos contratar médicos, mas daqui 90 dias eles vão embora. Se não mudarmos as condições de trabalho, nunca vamos resolver esse problema. As pessoas vão para UPA e não conseguem marcar um exame. Precisamos usar os hospitais filantrópicos para nos ajudar”, respondeu Viana.
O candidato Carlos Viana seguiu a ordem e perguntou para a deputada Duda Salabert sobre a situação do número de vagas em creches de BH.
“Sendo eleita, no primeiro dia de mandato, vou protocolar um Projeto de Lei para que BH pague o maior salário de professores das capitais. Não tem como mudar a educação sem valorizar os professores. Uma profissão desvalorizada, desprivilegiada, o jovem não quer mais ser professor. É preciso reestruturar as escolas, garantir escola e creche em tempo integral, garantir uma alimentação saudável nas escolas”, disse a candidata.
Em seguida, Duda Salabert perguntou para o deputado Bruno Engler os projetos do candidato para evitar pequenos roubos na cidade.
“É preciso aumentar a atuação da Guarda Municipal. Há muito que a prefeitura pode fazer. Vou passar o efetivo da guarda atual para 4 mil, espalhar base móvel em toda a cidade. Vamos colocar os guardas patrulhando as ruas e aumentar as patrulhas específicas.
Seguindo a ordem sorteada, o candidato Gabriel Azevedo perguntou ao deputado Rogério Correia quais são os principais problemas da gestão atual em relação à cidade.
“O principal problema é o transporte, o prefeito não cuidou direito. Precisamos fazer um contrato novo. Nós precisamos também melhorar a questão da saúde. Do ponto de vista da educação, tem que garantir creche integral para todos, respondeu.
Por último, o deputado Rogério Correia perguntou ao presidente da Câmara Gabriel Azevedo qual a opinião dele sobre as escolas cívico-militares.
“O Colégio Militar de BH que fez de mim uma pessoa que sempre estudou na vida. Estudar é muito importante e eu sempre vou defender do Colégio Militar de BH, mas a Prefeitura tem como função creche e ensino para criança. Ensino médio não é função da Prefeitura. Quem propõe isso, tem que saber o que é função de prefeito”, respondeu.
Bloco 3
Seguindo o sorteio feito com as assessorias dos candidatos, Duda Salabert abriu o terceiro e último bloco de perguntas. Ela direcionou o questionamento ao vereador Gabriel Azevedo, o pedindo para avaliar a atual gestão de Fuad Noman.
“O diagnóstico é o pior. Pela primeira vez, nossa cidade encolheu no ano passado. A população diminui. Está caro morar em Belo Horizonte. Está caro pagar o aluguel. Quem poderia estar vivendo aqui, próximo ao trabalho, está vivendo na região metropolitana. Estão morando em Santa Luzia, Ibirité, Betim e Contagem, onde os prefeitos estão acelerando o passo enquanto o nosso [prefeito] está numa lerdeza”, criticou.
Azevedo escolheu Bruno Engler para respondê-lo. O vereador perguntou em quais áreas da prefeitura Engler suspeita de existência de corrupção e o que pretende fazer para corrigir os eventuais problemas. “A gente tem suspeitas em várias áreas, como todo belo-horizontino tem. Você sabe a dificuldade no âmbito do transporte público. Eu vou fazer o que Kalil prometeu e não teve coragem: abrir a caixa-preta da da BHTrans e, de fato, auditar todos os contratos [dos ônibus]. Vamos também auditar os contratos da Limpeza Urbana. Também tem a questão da Lagoa da Pampulha”, apontou.
Engler escolheu novamente Mauro Tramonte. Desta vez, para avaliar o modelo de escolas cívico-militares. “Eu não planejo implantar [o modelo]. Eu preciso melhorar o ensino em Belo Horizonte. Nós precisamos dar condições aos nossos professores de ensinar. Não temos que inventar de novo a roda. Temos várias escolas boas. Temos valores excepcionais para a educação em Belo Horizonte, mas temos que aprimorar mais nossos professores para ficarem tranquilos em dar aula”, pontuou o deputado estado.
Na sequência, Mauro Tramonte questionou Carlos Viana sobre a avaliação dele em relação à limpeza urbana na capital mineira. “Belo Horizonte tem um contrato com uma empresa onde a gente faz um aterro sanitário, que é um absurdo. São 3.000 toneladas de contrato, mas a prefeitura não manda a mesma quantidade para lá. A gente paga uma sobra e isso sai do caixa da prefeitura. A gente precisa trazer para cá tecnologia para aproveitamento do lixo e geração de energia elétrica. Precisamos reforçar as cooperativas de catadores de materiais recicláveis que vão nos ajudar, inclusive, a resolver uma parte do problema dos moradores de rua, que se tornaram um grande problema hoje em Belo Horizonte”.
Carlos Viana perguntou a Rogério Correia sobre como resolver o problema da fome nas periferias da cidade. “Você já tinha colocado uma ideia de um 14º salário para aqueles que estão em insegurança alimentar. Eu acho uma boa proposta, mas eu, junto com os técnicos que me ajudam nisso e com o presidente Lula, achamos uma solução que seria mais eficiente, que é uma bolsa em Belo Horizonte de R$ 300 para aqueles que já recebem o Bolsa Família. Isso eu acho que é viável de ser feito com 2,4% do orçamento”, comentou Correia.
Rogério Correia encerrou o terceiro bloco perguntando Duda Salabert como ela pretende resolver os gargalos na saúde pública da cidade. “A prefeitura não tem resolvido questões básicas. Somos a quarta capital mais rica do Brasil e estamos perdendo médicos para Contagem, que paga salário maior. Então, a gente propôs rever a carreira dos servidores, valorizar os nossos servidores porque quem cuida não pode ficar doente. Além disso, precisamos trazer a melhor tecnologia em Belo Horizonte. Estive na sede do Google nesta semana e me mostraram tecnologias importantíssimas para zerar a fila de cirurgias eletivas”, destacou a parlamentar.