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Sem Marçal, especialistas preveem 2º turno em SP com mais debate de propostas

Analistas apontam que 1º turno, marcado por polêmicas, afetou o aprofundamento das propostas para a maior cidade do país

Eleições 2024|Hellen Leite e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

Pablo Marçal vota descalço e na última hora em escola no bairro de Moema, em São Paulo Reprodução/Record News - 06.10.2024

O primeiro turno das eleições municipais na maior cidade do país foi marcado por xingamentos, ataques pessoais e até agressões físicas. Grande parte dessas cenas ocorreu devido à presença do candidato Pablo Marçal (PRTB), que protagonizou polêmicas durante a campanha. Com o ex-coach fora do segundo turno, especialistas consultados pelo R7 acreditam que os debates da segunda parte da campanha, com Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), serão mais centrados em propostas.

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Daniel Pinheiro, professor de administração pública, destaca que as controvérsias do primeiro turno desviaram o foco das discussões produtivas. Isso resultou em debates superficiais sobre os desafios da cidade.

“É uma pena, porque a maior cidade do país precisava dar o exemplo na política. Mas a gente tem, vamos dizer assim, essa virada de uma população que está olhando muito para redes sociais. Isso acaba facilitando comportamentos muito populistas ou essas polêmicas aparecerem, porque, de fato, é isso que acaba sendo consumido”, analisou.

Marçal pede indenização de Datena na Justiça por 'cadeirada'

Uma das cenas mais impactantes da campanha foi a agressão durante um debate, quando o candidato tucano José Luiz Datena usou uma cadeira para atingir Marçal. O incidente ocorreu após uma troca de acusações e discussões acaloradas.


Após o episódio, emissoras reforçaram medidas de segurança para os debates, com a proibição do uso de celulares para gravação de vídeos ou fotos por assessore, as mesas e cadeiras fixadas no chão e os copos de vidro substituídos por copos de acrílico.

Além disso, Marçal esteve no centro de outra controvérsia ao apresentar laudos falsos que acusavam o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, de uso de drogas.


De acordo com especialistas, esses episódios polêmicos tendem a ganhar mais destaque na mente do público do que as propostas, o que ofusca discussões mais produtivas para a cidade.

“Os debates foram muito superficiais, e as discussões sobre São Paulo também ficaram rasas. Uma eleição precisa debater a cidade — que tipo de cidade queremos, como deve ser o seu futuro — e, infelizmente, isso não aconteceu. Com a saída de Marçal, temos a oportunidade de ver propostas reais sendo discutidas. É esperado que Nunes e Boulos protagonizem um debate mais sólido”, conclui.


Polêmica como estratégia

O analista político Lucas Galvão compartilha a mesma visão. Ele acrescenta ainda que a estratégia de criar polêmicas adotada pelo ex-coach foi decisiva para seu desempenho nas urnas. O candidato do PRTB começou a campanha com índices modestos nas pesquisas, mas encerrou o primeiro turno com 28,14% dos votos, somando mais de 1,7 milhão de eleitores. Ele ficou a pouco mais de 56 mil votos do segundo colocado, Guilherme Boulos.

“A ausência de Marçal no segundo turno deve trazer uma campanha mais republicana, elevando a qualidade do debate, sem os fatores desestabilizadores que muitas vezes foram provocados pelo próprio Marçal.”

No entanto, do ponto de vista político, Galvão pontua que Marçal “perdeu ganhando”. Apesar do terceiro lugar na disputa à Prefeitura de São Paulo, o ex-coach conquistou visibilidade, e as controvérsias em torno de sua figura fortaleceram posição na disputa por espaço na direita nacional.

“Marçal acumulou um capital político expressivo. Foi um recado claro para as lideranças da direita. Dependendo dos desdobramentos na Justiça sobre as ações de Marçal durante a campanha, podemos estar vendo uma figura em ascensão na política de direita do país.”

Um inquérito acabou sendo aberto para investigar a divulgação de informações falsas nas redes sociais de Pablo Marçal, que podem configurar crimes como injúria, difamação, falsidade eleitoral e possível associação criminosa. A investigação está na Justiça Eleitoral e, ao ser concluída, será enviada ao Ministério Público, que poderá abrir uma ação penal.

Além disso, o PSB, de Tabata Amaral, move um processo que pede a inelegibilidade de Marçal por abuso de poder econômico. A acusação é de que ele pagou seguidores para divulgar “cortes” de vídeos nas redes socais. Esse tipo de investigação judicial eleitoral é semelhante ao processo que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível.

Segundo turno em São Paulo

Nunes e Boulos entram no segundo turno em uma disputa acirrada. Nunes avançou do primeiro turno com 29,48% dos votos, enquanto Boulos obteve 29,07%, uma diferença de 25 mil votos.

Após o anúncio dos resultados, Ricardo Nunes fez um discurso no centro da cidade, destacando sua experiência em gestão pública e agora busca o apoio dos candidatos derrotados. O partido Novo e o PSDB já declararam apoio ao candidato do MDB, enquanto Guilherme Boulos conta com o apoio de Tabata Amaral e do PSB.

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