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China condena uso político de tarifas e critica decisão de Trump contra o Brasil

Presidente americano anunciou taxa de 50% para todos os produtos brasileiros importados pelos EUA a partir de 1º/8

Internacional|Rafaela Soares e Yumi Kuwano, do R7, em Brasília

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Porta-voz do minstério das Relações Exteriores, Mao Ning, diz que país asiático condenou tarifas Divulgação/Ministry of Foreign Affairs People’s Republic of China - 11.7.2025

A ministra das Relações Exteriores da China, Mao Ning, condenou o uso político de tarifas ao ser perguntada, em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (11), sobre a recente decisão do presidente americano Donald Trump em impor uma taxa de 50% para todos os produtos brasileiros importados pelos EUA.

“Igualdade soberana e não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta da ONU e normas básicas nas relações internacionais. Tarifas não devem ser um instrumento de coerção, intimidação ou interferência”, disse Ning.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • A China criticou a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
  • A medida pode prejudicar a economia brasileira e afetar setores como petróleo e agropecuária.
  • Especialistas acreditam que a imposição da tarifa pode não se concretizar, mas alerta sobre seus impactos negativos.
  • A situação pode impulsionar o Brasil a buscar novos parceiros comerciais e fortalecer o Mercosul.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Na quarta-feira (9), Trump anunciou uma nova taxa sobre produtos brasileiros, gerando incerteza na economia do Brasil. As exportações brasileiras para os EUA representam 12% do total, com setores como petróleo e agropecuária sendo os mais afetados.

Caso não haja acordo ou recuo, as novas taxas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto, e o Brasil terá a alíquota mais alta entre 23 países notificados pelo presidente dos EUA neste mês.


O valor é maior do que os 30% atualmente impostos à China — após uma briga intensa entre as duas potências mundiais — e a países como África do Sul, Argélia, Bósnia e Herzegovina, Iraque, Líbia e Sri Lanka.

Tarifas anunciadas por Trump em julho Luce Costa/Arte R7

Com isso, o impacto não será apenas o de reduzir as exportações, mas pode inviabilizar a comercialização para o país.


A Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo expressa preocupação com a possível ampliação da alíquota de importação para produtos brasileiros.

Momento de cautela

A economista e professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carla Beni observa que é uma característica comum no governo Trump ameaçar fortemente outros países e depois recuar. Então, ainda há possibilidade de a medida não ser implementada. Por isso, ela diz que o momento requer cautela.


“Ele cria um pânico geral e não implementa, ou implementa um adicional muito menor, ou acaba fazendo algumas concessões. Por exemplo, para o café, ele não vai subir, para o suco de laranja, ele não vai subir”, analisa.

O economista André Perfeito também não acredita que isso vá se concretizar. “Acho que Trump está blefando. Vamos supor que aumente 50% o preço do aço brasileiro. Imagina o impacto disso na indústria de carros nos Estados Unidos”, questiona.

Carla concorda. Para ela, a imposição de uma alíquota adicional foi uma medida completamente desproporcional e não comercial.

“Vai prejudicar os Estados Unidos, porque os produtos brasileiros que eles importam — como o próprio minério de ferro, o café e o suco de laranja —, são itens que vão aumentar muito o preço para o consumidor americano”, avalia a economista.

O economista e professor da Enap (Escola Nacional de Administração Pública) José Luiz Pagnussat enfatiza que, se for confirmada, a perda de competitividade será total.

“O impacto sobre a economia brasileira pode chegar a uma redução de 0,5% do PIB, em 12 meses, além de efeitos sobre o câmbio, inflação e emprego. Serão ainda maiores os efeitos se o Brasil seguir sua tradição de reciprocidade, ampliando a guerra comercial Brasil X EUA”, analisa.

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Caminhos possíveis

André Perfeito diz que a medida surtirá efeito positivo no curto prazo, porque a demanda por produtos brasileiros deve subir, com a corrida pela compra antes de a nova tarifa entrar em vigor.

Carla aponta alternativas possíveis caso a nova taxa se concretize, como a venda para o mercado interno.

“Pode ser algo interessante, inclusive, para aumentar a nossa oferta de produtos internamente, e ele [o Brasil] também vai buscar novos parceiros comerciais”, sugere a professora da FGV.

A economista ainda acrescenta que, por mais negativa que seja, a medida fortalece o acordo do Mercosul e estimula o Brics. “De onde os Estados Unidos acabam saindo, os outros países do Brics acabam entrando. Os nossos produtos têm uma aceitação muito grande no mundo todo”, complementa.

O argumento é reforçado pelo economista Gesner Oliveira. “O Brasil tem essa vantagem de ter uma diversificação de mercado. O mercado dos Estados Unidos é importante? Claro que sim, mas a gente pode diversificar ainda mais os mercados para compensar essa medida protecionista dos Estados Unidos”, diz o especialista, que prevê impactos negativos aos EUA.

“O protecionismo restringe o comércio e as oportunidades de geração de renda. Eles vão ter mais inflação, custo de vida mais elevado, Tomar um suco de laranja vai custar mais caro, tomar um cafezinho vai custar mais caro. Em toda a indústria vai ficar mais caro.”

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