Colômbia perde certificação dos EUA de aliado no combate às drogas: o que isso significa?
Decisão marca a primeira descertificação da Colômbia em quase 30 anos, sinalizando tensões diplomáticas entre Washington e Bogotá
Internacional|Do R7
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O governo dos Estados Unidos retirou a certificação da Colômbia como aliado no combate ao narcotráfico, uma medida que não era tomada desde 1997. A decisão foi anunciada na noite desta segunda-feira (15).
A medida, segundo os EUA, aponta que a Colômbia “falhou demonstravelmente” em cumprir suas obrigações internacionais no controle de drogas no último ano, sob a liderança do presidente Gustavo Petro.
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A descertificação é um processo anual pelo qual os EUA avaliam os esforços de cerca de 20 países produtores ou distribuidores de drogas, em troca de recursos financeiros. Para a Colômbia, maior produtor mundial de cocaína, essa cooperação representa cerca de US$ 380 milhões anuais, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Apesar da decisão, o governo Trump emitiu uma suspensão de sanções, mantendo a assistência financeira por considerar que ela é “vital para os interesses nacionais dos Estados Unidos”, de acordo com a rede norte-americana CNN.
O governo norte-americano condicionou a revisão da descertificação a medidas mais agressivas por parte de Bogotá, como maior erradicação de cultivos e cooperação na extradição de criminosos.
Relações abaladas entre Washington e Bogotá
A medida é um sinal da deterioração das relações entre os EUA e a Colômbia, agravada por divergências entre Trump e Petro. O presidente colombiano, que assumiu o poder em 2022, critica a abordagem punitiva da “guerra às drogas” liderada pelos EUA e defende alternativas pacíficas, como a substituição voluntária de cultivos de coca.
A determinação presidencial dos EUA, divulgada na segunda-feira, culpa diretamente Petro pelo aumento recorde no cultivo de coca e na produção de cocaína, que atingiu 2.600 toneladas anuais e 253 mil hectares de plantações em 2023, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
“Na Colômbia, o cultivo de coca e a produção de cocaína atingiram recordes históricos sob o governo do presidente Gustavo Petro, e suas tentativas fracassadas de buscar acordos com grupos narcoterroristas só agravaram a crise”, afirmou o comunicado dos EUA.
O texto também critica a redução da erradicação manual de plantações de coca, que caiu para 5.048 hectares em 2025, contra 68.000 hectares no último ano do governo anterior.
Ainda na segunda-feira, Petro lamentou a decisão de Trump. “Os EUA nos retiraram da certificação, após dezenas de mortes entre policiais, soldados e civis que tentavam interferir no tráfico de cocaína”, disse.
Segundo o canal de notícias norte-americano CBS News, as tensões diplomáticas também envolvem outras questões, como a recusa de Petro em aceitar voos militares norte-americanos com migrantes deportados e suas críticas às operações dos EUA contra o tráfico na Venezuela. “Sob minha administração, a Colômbia não colabora em assassinatos”, disse Petro.
A última descertificação da Colômbia ocorreu em 1997, durante o governo de Ernesto Samper, marcado por acusações de financiamento de sua campanha pelo conhecido Cartel de Cali.
Desde então, a Colômbia se consolidou como aliada estratégica dos EUA, recebendo bilhões em ajuda para segurança e combate às drogas, incluindo mais de US$ 10 bilhões entre 2000 e 2018, segundo o Congresso norte-americano.
Além da Colômbia, os EUA incluíram Afeganistão, Bolívia, Mianmar e Venezuela na lista de países que “falharam demonstravelmente” em cumprir acordos antidrogas, segundo a CNN e a AFP. Com exceção do Afeganistão, todos receberam isenção de sanções por motivos de interesse nacional dos EUA.
Impactos da descertificação
Embora a manutenção da ajuda financeira evite cortes drásticos, a descertificação é um golpe simbólico para a Colômbia, tradicional aliada dos EUA na América Latina. “É uma ferramenta contundente e um grande incômodo nas relações bilaterais, que vai muito além das questões relacionadas às drogas”, disse Adam Isacson, pesquisador de segurança do Escritório de Washington para a América Latina, em entrevista à CBS News.
Segundo o analista, a decisão pode dificultar a cooperação em áreas como segurança e combate a cartéis, como o Clã do Golfo e dissidências das Farc, que continuam ativas no tráfico e na mineração ilegal.
Apesar disso, autoridades colombianas ressaltam esforços no combate ao narcotráfico. Em 2025, o país apreendeu 700 toneladas de cocaína e destruiu 4.570 laboratórios clandestinos, números recordes, segundo o Ministério da Defesa da Colômbia, citado pela AFP.
Perguntas e Respostas
O que aconteceu com a certificação da Colômbia pelos EUA?
O governo dos Estados Unidos retirou a certificação da Colômbia como aliado no combate ao narcotráfico, uma medida que não era tomada desde 1997. A decisão foi anunciada na noite de 15 de outubro de 2023.
Por que os EUA tomaram essa decisão?
Os EUA afirmaram que a Colômbia "falhou demonstravelmente" em cumprir suas obrigações internacionais no controle de drogas no último ano, sob a liderança do presidente Gustavo Petro.
Qual é o impacto da descertificação para a Colômbia?
A descertificação é um processo anual em que os EUA avaliam os esforços de países produtores ou distribuidores de drogas. Para a Colômbia, isso representa uma perda significativa, já que a cooperação com os EUA envolve cerca de US$ 380 milhões anuais.
Os EUA ainda fornecerão assistência financeira à Colômbia?
Apesar da descertificação, o governo Trump emitiu uma suspensão de sanções, mantendo a assistência financeira, considerando-a "vital para os interesses nacionais dos Estados Unidos".
Quais condições os EUA impuseram para a revisão da descertificação?
Os EUA condicionaram a revisão da descertificação a medidas mais agressivas por parte de Bogotá, como maior erradicação de cultivos e cooperação na extradição de criminosos.
Como a decisão afeta as relações entre EUA e Colômbia?
A medida sinaliza uma deterioração nas relações entre os EUA e a Colômbia, agravada por divergências entre Trump e Petro, especialmente em relação à abordagem da "guerra às drogas".
O que disse o presidente Gustavo Petro sobre a descertificação?
Petro lamentou a decisão, mencionando as mortes de policiais, soldados e civis que tentaram interferir no tráfico de cocaína.
Quais outras questões estão causando tensões diplomáticas entre os EUA e a Colômbia?
As tensões também envolvem a recusa de Petro em aceitar voos militares norte-americanos com migrantes deportados e suas críticas às operações dos EUA contra o tráfico na Venezuela.
Quando foi a última vez que a Colômbia foi descertificada antes de 2023?
A última descertificação da Colômbia ocorreu em 1997, durante o governo de Ernesto Samper, que enfrentou acusações de financiamento de sua campanha pelo Cartel de Cali.
Qual é a importância histórica da Colômbia como aliada dos EUA?
Desde 1997, a Colômbia se consolidou como uma aliada estratégica dos EUA, recebendo bilhões em ajuda para segurança e combate às drogas, incluindo mais de US$ 10 bilhões entre 2000 e 2018.
Quais outros países foram incluídos na lista de descertificação?
Além da Colômbia, os EUA incluíram Afeganistão, Bolívia, Mianmar e Venezuela na lista de países que "falharam demonstravelmente" em cumprir acordos antidrogas.
Como a descertificação pode impactar a cooperação em segurança?
A descertificação pode dificultar a cooperação em áreas como segurança e combate a cartéis, que continuam ativas no tráfico e na mineração ilegal.
Quais esforços a Colômbia tem feito no combate ao narcotráfico?
Autoridades colombianas destacam que, em 2025, o país apreendeu 700 toneladas de cocaína e destruiu 4.570 laboratórios clandestinos, números recordes segundo o Ministério da Defesa da Colômbia.
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