Dois ex-integrantes da Marinha colombiana foram extraditados para os Estados Unidos por envolvimento em um esquema que facilitava o monitoramento de embarcações de interdição de drogas por narcotraficantes. Segundo autoridades federais, Jair Alberto Alvarez Valenzuela, de 54 anos, e Luis Carlos Diaz Martinez, de 32 anos, ajudaram a instalar dispositivos de rastreamento GPS em navios da Marinha colombiana, permitindo que traficantes escapassem da fiscalização contra entorpecentes.Os dois militares convenceram outros marinheiros a instalarem os rastreadores em quatro embarcações: ARC Antioquia, ARC Punta Espalda, ARC 11 de Noviembre e ARC Toledo. Com os dados de localização em tempo real, os traficantes desviavam seus barcos carregados de cocaína, evitando a interceptação por navios de patrulha.A extradição dos acusados faz parte de um esforço conjunto entre os governos da Colômbia e dos EUA para combater o tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico. O caso evidencia o alto nível de sofisticação das operações do narcotráfico e a infiltração de criminosos dentro de instituições militares.Segundo os promotores do caso, Alvarez Valenzuela e Diaz Martinez recrutaram marinheiros dispostos a colaborar em troca de dinheiro. O objetivo era evitar que embarcações de contrabando fossem detectadas pelos navios da Marinha. Diaz Martinez trabalhou na Marinha colombiana até 2012, enquanto Alvarez Valenzuela se aposentou em 2022.Documentos indicam que eles pagaram milhares de dólares a marinheiros da ativa para instalar os dispositivos de rastreamento. Alvarez Valenzuela, que trabalhava como engenheiro eletromecânico civil em uma estação da guarda costeira na região de Urabá, desempenhou um papel fundamental na execução do esquema.O Departamento de Justiça dos EUA informou que, além dos dois ex-militares extraditados, outros quatro marinheiros da ativa, um sargento e um oficial foram indiciados.Segundo o jornal colombiano El Tiempo, os acusados trabalhavam para os ‘Gaitanistas’, também conhecidos como Clã do Golfo, uma das organizações criminosas mais poderosas da Colômbia.O grupo surgiu no início dos anos 2000 e domina diversas regiões portuárias do território colombiano, controlando a exportação de cocaína pelo Caribe e pelo Pacífico. Urabá, onde Alvarez Valenzuela trabalhava, é um ponto estratégico para o Clã do Golfo, facilitando o envio de drogas para os Estados Unidos e outros mercados internacionais.A corrupção dentro da marinha é apenas uma das estratégias usadas pelo narcotráfico para garantir a chegada da cocaína aos EUA. Os narcossubmarinos, embarcações projetadas para transportar grandes cargas de droga sem serem detectadas, têm se tornado cada vez mais comuns.Esses submarinos não submergem completamente e são camuflados para se misturar à paisagem marítima. Alguns são capazes de transportar cargas de cocaína avaliadas em dezenas de milhões de dólares. De acordo com o jornal Washington Post, em 2009, mais de um terço da cocaína contrabandeada para os EUA chegava via submarinos.Para proteger essas embarcações, traficantes também contam com pescadores espiões ao longo das rotas marítimas. Esses informantes monitoram a presença de barcos de patrulha e alertam os criminosos sobre riscos de interceptação.