Como são as novas espécies de sapos e lagartixa descobertas em ilha da Austrália
Animais foram encontrados na Ilha Dauan; pesquisadores acreditam que outras espécies inéditas ainda vivam no local
Internacional|Do R7
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Três novas espécies de animais – dois sapos e uma lagartixa – foram descobertas em uma ilha remota no norte da Austrália. As informações são do jornal britânico The Guardian e da emissora australiana ABC.
Os animais foram encontrados na Ilha Dauan, uma pequena ilha de apenas 3 km² localizada no Estreito de Torres, entre a Austrália e Papua-Nova Guiné. A área é marcada por grandes campos de pedras de granito e abriga cerca de 130 moradores.
As descobertas foram feitas pelo professor associado Conrad Hoskin, ecologista terrestre da Universidade James Cook, após uma expedição. Hoskin publicou a descrição das espécies no periódico científico Zootaxa.
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A primeira espécie descoberta foi a lagartixa Nactus simakal, identificada rapidamente entre as pedras da ilha. O animal tem padrão listrado e pernas longas, e recebeu o nome em homenagem à montanha que forma Dauan.
Durante a segunda noite da expedição, sob chuva, os pesquisadores ouviram dois chamados diferentes de sapos, ambos desconhecidos até então. O menor deles foi batizado de Choerophyrne koeypad, termo que significa “montanha rochosa” na língua local.
Ele mede pouco mais que uma unha humana, tem almofadas grandes nos dedos e um chamado agudo, semelhante a um som metálico. Essas características o ajudam a subir em superfícies verticais e vegetação.
O segundo sapo, maior, recebeu o nome de Callulops gobakula – “pedregulhos”, em tradução livre. O coaxar é mais profundo, parecido com o de uma perereca verde, e ele vive nas fendas entre as rochas, segundo os pesquisadores.

As duas rãs pertencem à família dos microhilídeos, um grupo de sapos que se reproduz sem passar pelo estágio de girino – os filhotes nascem diretamente dos ovos.
Sobrevivência
Dauan é considerada o ponto mais ao norte da Grande Cordilheira Divisória australiana, elevando-se quase 300 metros acima do nível do mar. Essa geologia singular ajudou a preservar as novas espécies, segundo Hoskin.
“Esses campos rochosos profundos protegeram os animais do calor por milhares de anos”, disse o pesquisador à ABC. Ele explicou que as espécies estão isoladas e só existem na Ilha Dauan, já que não há habitats semelhantes nas ilhas vizinhas ou nas planícies da Nova Guiné.
De acordo com Hoskin, os parentes mais próximos dos sapos vivem em regiões centrais da Nova Guiné, o que indica que eles se separaram há milhões de anos, evoluindo de forma independente na ilha australiana.

Risco de invasores e mudanças climáticas
Especialistas ouvidos pela ABC alertam que, apesar do isolamento, as espécies endêmicas de Dauan enfrentam ameaças.
A professora Sarah Legge, da Universidade Charles Darwin, disse que animais invasores, como gatos selvagens, roedores e formigas agressivas, representam o principal risco para a fauna local.
Ela disse que as mudanças climáticas também já causaram extinções na região, como a do Bramble cay melomys, um pequeno roedor nativo do Estreito de Torres.
No mês passado, guardas florestais encontraram um sapo-cururu vivo na Ilha Saibai, a apenas 7 km de Dauan. Essa foi a primeira vez que a espécie foi registrada tão ao norte da Austrália, segundo a ABC.
Hoskin acredita que mais espécies ainda podem ser encontradas na ilha. “Encontrar três novas espécies em um local tão pequeno é algo notável. É muito provável que haja outros animais desconhecidos, especialmente invertebrados como insetos e aranhas”, disse.
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