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Como traficante britânico condenado por planos de ataque pró-Rússia foi cooptado por Moscou

Segundo a investigação, Dylan Earl se radicalizou em canais no Telegram e acabou se tornando voluntário do grupo mercenário Wagner

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Dylan Earl, traficante britânico de 21 anos, foi condenado a 17 anos de prisão por planejar ataques pró-Rússia no Reino Unido.
  • Ele incendiou armazéns de uma empresa ucraniana e planejavam o sequestro de um dissidente russo em Londres.
  • Earl recebia orientações de agentes russos via Telegram e seus planos incluíam ataques em várias localidades na Europa.
  • A juíza destacou a manipulação da Rússia em jovens através da internet, enquanto autoridades reafirmam o compromisso com a segurança nacional.

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Dylan Earl, à esquerda, e Jake Reeves receberam longas penas de prisão na sexta-feira (24)
Dylan Earl, à esquerda, e Jake Reeves receberam longas penas de prisão na sexta-feira (24) Polícia Metropolitana de Londres

O traficante britânico Dylan Earl, de 21 anos, foi condenado a 17 anos de prisão por recrutar sabotadores e planejar ataques em nome da inteligência russa no Reino Unido. Ele foi acusado de incendiar galpões em Londres que armazenavam equipamentos de satélite com destino à Ucrânia, além de planejar o sequestro de um dissidente russo. As autoridades afirmam que as ações de Earl faziam parte de uma campanha coordenada por Moscou para realizar operações de sabotagem em solo europeu. O Kremlin não se pronunciou sobre as acusações.

Segundo a investigação, Earl comandava uma operação de tráfico de drogas a partir da casa onde morava com os pais, em Leicester. Segundo o promotor Duncan Penny, ele se radicalizou em canais pró-Rússia e acabou se tornando voluntário do grupo mercenário Wagner. “A ambição do Sr. Earl era travar uma campanha sustentada de terrorismo e sabotagem em solo britânico, realizada em apoio a uma potência estrangeira — a Federação Russa — e sua guerra de agressão contra a Ucrânia”, disse Penny durante o julgamento.


A investigação revelou que Earl operava a partir do próprio quarto e recebia instruções de agentes russos por meio do aplicativo Telegram. “Ele estava disposto a fazer tudo o que podia para executar as ordens dos agentes da inteligência russa”, afirmou o promotor. Os investigadores identificaram duas contas anônimas ligadas ao governo de Moscou que repassavam orientações e pagamentos em criptomoedas.

O primeiro ataque ocorreu em 20 de março de 2024, quando um armazém em Londres foi incendiado por Jakeem Rose, de 23 anos, usando gasolina e um pano em chamas. O local pertencia a uma empresa ucraniana de transporte e ajuda humanitária. Dez dias depois, outro armazém da mesma empresa foi incendiado na Espanha. Três cúmplices de Earl, todos moradores de Londres, receberam penas de sete a dez anos de prisão.


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Earl também planejava incendiar um terceiro armazém na República Tcheca e coordenava o sequestro de Yevgeny Chichvarkin, dono de um restaurante russo em Londres e crítico do Kremlin. “Ele atacou o dissidente russo ao planejar incendiar seu restaurante e loja de vinhos”, afirmaram as autoridades. O plano foi interrompido com sua prisão em abril de 2024.

O cúmplice Jake Reeves, de 24 anos, foi condenado a 12 anos de prisão por recrutar participantes para as ações e “aceitar benefício material de um serviço de inteligência estrangeiro”. Outro envolvido, Ashton Evans, de 20 anos, foi condenado a nove anos por não revelar informações sobre os planos de Earl e por tráfico de drogas.


A juíza Bobbie Cheema-Grubb afirmou que o caso representa um exemplo da tentativa russa de manipular jovens por meio da internet. “A Rússia tenta ganhar influência global perniciosa usando as mídias sociais para recrutar sabotadores a grandes distâncias de Moscou”, disse. Segundo ela, Earl e Reeves passaram por “uma forma de radicalização” que os levou a “trair seu país pelo que parecia ser dinheiro fácil”. A magistrada completou: “Nossos pais e avós teriam outra palavra para o que o Sr. Earl e o Sr. Reeves fizeram — traição”.

O diretor-geral do MI5, Ken McCallum, afirmou que Moscou vem ampliando o uso de intermediários após a expulsão de centenas de espiões russos da Europa. “Os serviços de inteligência russos recorrem ao recrutamento de representantes em plataformas de mídia social, instruindo-os por meio de aplicativos criptografados e oferecendo pagamento em criptomoedas”, explicou.


O caso repercutiu politicamente em Londres. O primeiro-ministro Keir Starmer mencionou o episódio em entrevista coletiva ao lado do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “Não toleraremos essa atividade hostil”, afirmou. “Isso só reforça o ponto: sua segurança é a nossa segurança.”

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