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Conflitos no Oriente Médio devem continuar, apesar de cessar-fogo anunciado por Trump

Após ataque iraniano à base dos EUA no Catar, Trump anuncia cessar-fogo, mas alerta que fim de conflito está distante

Internacional|Do R7, em Brasília

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Trump anunciou cessar-fogo, mas Netanyahu ainda deve enfrentar conflitos regionais White House

Uma reação esperada, o perigo de uma escalada mundial controlada e um cessar-fogo anunciado. Assim se desenrolou a segunda-feira (23) no conflito entre Estados Unidos, Israel e Irã. Mas governos e especialistas no mundo ainda aguardam com cautela os resultados.

Primeiro veio o ataque do Irã a uma base dos Estados Unidos no Catar. Depois, mais ofensivas de Israel contra os iranianos. Por fim, já à noite, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou o cessar-fogo.


“Foi plenamente acordado entre Israel e Irã que haverá um cessar-fogo completo e total (em aproximadamente 6 horas a partir de agora, quando Israel e Irã tiverem se acalmado e concluído suas missões finais em andamento!), por 12 horas, momento em que a guerra será considerada encerrada!”, escreveu Trump na rede social Truth.

Segundo o texto, o Irã vai iniciar o cessar-fogo e, na 12ª hora, será a vez de Israel. “E na 24ª hora, o fim oficial da Guerra de 12 Dias será saudado pelo mundo”, continuou.


O próprio Trump, porém, deixou claro: “O fim de qualquer tipo de conflito continua distante”.

Tudo sugere uma tentativa de controlar a escalada, segundo especialistas.


Especialistas avaliam riscos

O anúncio de cessar-fogo representa uma pausa em uma sequência de hostilidades que colocou as potências regionais à beira de um confronto mais amplo.

Agora, a efetividade da trégua dependerá da adesão concreta das partes envolvidas — e da capacidade internacional de conter reações em cadeia nas próximas semanas.


Para Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, o risco de uma escalada global é baixo.

“Nem Moscou, nem Pequim querem uma guerra nuclear contra os Estados Unidos. As posturas desses governos são diplomáticas, pró-forma. Pela ação militar iraniana, contida, com somente dez mísseis, acredito que Donald Trump não vai retaliar, e a guerra caminha para ser entre Israel e Irã”, analisa.

Rudzit avalia que, superada a capacidade iraniana de lançar mísseis, o conflito pode evoluir para atentados em outras regiões. Principalmente, ações terroristas contra Israel e interesses israelenses no mundo.

João Alfredo Nyegray, professor da PUC-PR, aponta para o potencial de escalada regional com implicações globais.

Ele analisa “uma espiral de regionalização armada: o Hezbollah pode atacar Israel a partir do Líbano; os Houthis, intensificarem ataques ao Mar Vermelho; e milícias pró-Irã no Iraque e na Síria podem atacar alvos americanos”.

Segundo Nyegray, a dinâmica mudou após o ataque americano. “Historicamente, EUA e Irã evitavam embates diretos, operando por meio de proxies. Agora, a linha vermelha foi cruzada”, admite.

“Isso criaria uma zona de guerra de alta intensidade entre o Mediterrâneo Oriental e o Golfo Pérsico, ameaçando rotas marítimas, mercados de energia e, por consequência, a economia global”, alerta.

Vias diplomáticas

Há também a fragilidade das vias diplomáticas. Nyegray acredita que o Conselho de Segurança da ONU está paralisado pela polarização. “Isso favorece ações unilaterais e amplia o risco de retaliações desproporcionais”, argumenta.

Leia mais sobre o conflito no Oriente Médio

Mona Yacoubian, diretora do programa do Oriente Médio no CSIS (Center for Strategic and International Studies — Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais), alerta para os impactos sobre países vizinhos do Irã.

“A escalada representa ameaças imediatas à produção e transporte de petróleo e gás, pilares das economias do Golfo. Se persistir, o conflito pode levar a fluxos de refugiados, radicalização de populações xiitas e abalar a visão estratégica de estabilidade e desenvolvimento para o Oriente Médio”, avalia ela em texto publicado no site do CSIS.

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