Confronto em catedral deixa 1 morto e 80 feridos no Cairo
Internacional|Do R7
CAIRO, 7 Abr (Reuters) - Uma pessoa morreu e mais de 80 ficaram feridas em confrontos na Catedral Ortodoxa Copta no centro do Cairo, no domingo, após o funeral de quatro cristãos egípcios mortos em um incidente de violência sectária com muçulmanos, disse a mídia estatal.
Disputas entre cristãos e muçulmanos têm aumentado no Egito, de maioria muçulmana, desde a derrubada do presidente Hosni Mubarak em 2011, que deu rédea solta a islâmicos linha-dura reprimidos sob seu governo autocrático.
Segundo a agência de notícias estatal Mena, 84 pessoas foram feridas no confronto após uma cerimônia na Catedral de São Marcos. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, mas os confrontos continuaram até tarde da noite.
Em um do piores casos de violência sectária durante meses, quatro cristãos e um muçulmano foram mortos na sexta em El Khusus, ao norte do Cairo, quando os membros de ambas as comunidades começaram a atirar uns nos outros.
Novos confrontos irromperam no domingo. Centenas de coptas foram ao funeral na catedral, alguns gritavam palavras de ordem durante a cerimônia, denunciando presidente Mohamed Mursi por não proteger os cristãos.
Mursi, um membro da Irmandade Muçulmana, condenou a violência, dizendo ao papa da Igreja Ortodoxa Copta, Tawadros 2o, em um telefonema, que qualquer ataque contra a catedral "é como um ataque contra mim, pessoalmente", informou a agência Mena.
Depois do culto emocionado, com a presença dos parentes dos mortos, jovens cristãos protestaram contra o governo e começaram a atirar pedras nos policiais que estavam fora da catedral, segundo um repórter da Reuters no local.
Alguns manifestantes, que seriam coptas, quebraram seis carros particulares e deixaram dois em chamas, provocando uma reação irada de muçulmanos que vivem no bairro, que jogaram bombas caseiras de gasolina e pedras contra eles, segundo uma testemunha.
"Os cristãos cantaram slogans provocando os moradores", disse Ahmed Mahmoud, morador muçulmano. "Então, os confrontos começaram, eles atiraram pedras uns aos outros e eles (os cristãos) ..."
Mas Remon Wageh, funcionário da igreja, culpou o que chamou de muçulmanos radicais pela violência.
"No momento em que os caixões dos cristãos eram carregados para os carros após o serviço, um grupo de radicais barbudos atirou pedras em nós", disse.
"A polícia só ficou observando, sem fazer nada", afirmou. "Eles protegiam os radicais que estavam escondidos atrás de uma linha de policiais na rua do lado de fora da catedral."
Policiais não estavam disponíveis para comentar a acusação. O ministro do Interior depois foi para o local a pedido de Mursi.