Drag queens, as outras rainhas da entronização do rei da Holanda
Internacional|Do R7
Produzidas, maquiadas e com pouca roupa, as 'drag queens' marcaram presença nesta terça-feira em Amsterdã, durante a entronização do novo rei Willem-Alexander, para mostrar ao mundo que a esposa do novo rei, Maxima, não é a única rainha do país.
A Holanda foi o primeiro país a legalizar o casamento gay, em 2001, e os organizadores da entronização do novo rei pediram à ProGay, organizadora da Parada do Orgulho Gay de Amsterdã, para preparar para a ocasião um barco que navegaria brevemente ao lado do barco real no final desta tarde.
"A imprensa do mundo inteiro está aqui, e é a oportunidade perfeita para mostrar que não temos vergonha de quem somos", declarou à AFP aquela que se diz chamar Lulu Hazard, com um imponente cabelo azul brilhante, jaqueta de couro, camisa laranja e sapatos de salto alto vermelhos.
Uma de suas amigas, que não quis dar seu nome porque "tudo o que importa hoje é que eu sou uma rainha", estava ansiosa no convés da pequena barcaça com a aproximação da partida, toda produzida de forma caricatural: mini-saia laranja com estampa de leopardo que deixa à mostra as roupas íntimas.
Oitenta e oito representantes da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros) da Holanda, incluindo oito drag queens, navegaram ao lado do navio real quando este passar por Ij, um dos cursos d'água da cidade, em um desfile que irá fechar o dia.
Cerca de 250 barcos temáticos escolhidos para representar a sociedade holandesa também navegaram em Ij. A bordo do barco ProGay, ninguém esconde a alegria de ver a comunidade LGBT presente na lista oficial.
"No nosso barco, optamos por representar toda a comunidade LGBT da Holanda, há todos a bordo", disse à AFP Hemelaar Irene, presidente da ProGay fantasiada de rainha: "aqueles que usam couro, travestis, drag queens, mulheres mais masculinas, as mulheres mais femininas, tudo!"
De acordo com Hemelaar, a Holanda tem cerca de 1 milhão de homossexuais de um total de 17 milhões de habitantes.
"O fato de que somos drag queens é, obviamente, um chamariz. A Maxima, não é a única rainha do dia", sorriu Lulu Hazard.
Quando o barco ProGay se aproximar da barcaça real, os 88 marinheiros pretendem cantar o hit "Dancing Queen" do grupo sueco ABBA.
"Nós também somos seus súditos", ressalta Lucien Spee, da ProGay, vestida para a ocasião como capitã do navio e dançando ao som de música techno. No barco, vários DJs e cantores são esperados para animar a noite.
Hemelaar comemorou o anúncio feito no dia 26 de abril de que a Rainha Maxima estaria presente em um jantar realizado em Haia em 16 de maio, como parte do Dia Internacional contra a Homofobia, comemorado no dia seguinte.
A barcaça ProGay retornou ao cais, mas seus passageiros vão continuar a festa em terra até o final da noite em outro lugar na cidade.
Alguns confirmaram que irão para um local perto do centro da cidade, onde está o "Homonument", construído especialmente em memória das vítimas da homofobia. Os shows vão animar toda a noite.
A ex-rainha Beatrix, de 75 anos, que abdicou em favor de seu filho, não foi esquecida pelas drag queens. Na segunda, uma "rainha" fantasiada de Beatrix, com terno roxo e penteado característico, atraiu as atenções nas ruas do centro da cidade, local de vários bares gays.
"Majestade, majestade", lançou um grupo de drag queens, de mini-saias e calças laranja e preto, que a acompanhava. "Aaah, meus queridos súditos", respondia Beatrix, fingindo desmaiar.
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