Economia em crise e desvalorização do peso tornam Argentina atrativa para turistas brasileiros
Com real em alta, Buenos Aires, Bariloche e outros destinos ganham força no planejamento de férias de famílias do Brasil
Internacional|Lucas Ferreira, do R7
A economia da Argentina sofreu grandes perdas desde o início dos anos 2000, que se intensificaram a partir de 2008, com a crise global daquele ano, e uma queda contínua do valor do peso argentino em relação ao dólar até os dias de hoje.
O mesmo aconteceu com a moeda do país se comparada com o real brasileiro. Na cotação da última quarta-feira (21), cada peso argentino valia menos de R$ 0,04.
A inflação de mais de 70% que atinge a Argentina nos últimos 12 meses, porém, pode ser uma oportunidade para o turista brasileiro, que viu o real ganhar fôlego em relação ao peso e ao próprio dólar nas últimas semanas.
De acordo com o professor de economia e relações internacionais da ESPM Leonardo Trevisan, esta é uma ótima chance para quem ganha em real adquirir serviços no país vizinho pagando um valor menor.
“Um real em 1º de maio equivalia a 39 pesos. [...] No fim de julho, aqueles 39 pesos por real já valiam 56 pesos”, conta Trevisan em entrevista ao R7. “Em outras palavras, você recebia muito mais pesos pelo mesmo real. Portanto, o passeio que você ia fazer, o jantar, você tinha mais peso para comprar qualquer uma dessas necessidades que o turista tem que enfrentar”.
Por mais que com a inflação os preços na Argentina tenham subido, ainda assim o real consegue ser mais atrativo se comparado com a moeda do vizinho. “É sim um aumento do poder de compra do brasileiro pelos problemas da economia argentina”, destaca o professor da ESPM.
Essa desvalorização do câmbio do peso argentino, entre outras razões, é explicada pela escassez de dólares no país. Segundo Trevisan, especula-se que o país tenha cerca de US$ 2 bilhões em reservas internacionais, enquanto o Brasil, por exemplo, possui US$ 350 bilhões.
O real acaba mais estável nessa equação também porque os empresários que exportam a partir do Brasil voltam a internalizar os dólares no país, algo que não acontece na Argentina. No final, todos esses números favorecem o brasileiro que quer viajar internacionalmente, em especial para o vizinho do sul.
Para onde ir e o que comprar na Argentina
O R7 entrevistou a presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem), Magda Nassar, que enumerou os principais destinos para brasileiros na Argentina. A capital do país, Buenos Aires, e a conhecida estação de inverno de Bariloche encabeçam a lista.
“Buenos Aires e Bariloche com certeza. Salta — que agora tem voo direto —, Jujuy, o passeio de trem noturno até Perito Moreno saindo de Bariloche, a Patagônia Argentina e os destinos de esqui, como Las Leñas, em Mendoza, que também é região vinícola”.
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Quem viajar para o país não pode deixar de comprar as guloseimas queridinhas dos turistas, como o doce de leite e o alfajor. Uma boa pedida também, de acordo com Nassar, são as roupas de inverno para quem mora no sul do país.
“A Argentina neste momento é um destino com excelente custo/benefício. É amada pelo público brasileiro por diversos motivos, das viagens de enogastronomia até as de aventura. Com a moeda deles enfraquecida, é uma oportunidade de aumentar experiências nos gastos diários com alimentação, transporte e atrações”, conclui Nassar.