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Em busca da reeleição, Poroshenko vende papel de 'salvador da pátria'

Presidente luta por reeleição em país marcado com conflito, tensão com a Rússia, perda da Crimeia, economia à beira do colapso e povo descontente

Internacional|Da EFE

Petro Poroshenko luta por reeleição na Ucrânia
Petro Poroshenko luta por reeleição na Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, busca a reeleição depois de cinco anos nos quais teve que lidar com a perda da península da Crimeia, um conflito no leste do país, crescentes tensões com a Rússia, uma economia à beira do colapso e um população cada vez mais descontente com sua gestão.

"Há muitos candidatos, mas apenas um presidente" é o lema da campanha eleitoral de Poroshenko, que chegou ao poder por uma revolução que desbancou um então governo pró-Rússia, mas que perdeu grande parte da credibilidade porque a cada dia a qualidade de vida dos ucranianos piora.

Poroshenko financiou do próprio bolso as duas revoluções populares que o país teve desde a independência (em 2004 e 2014) e cujo objetivo primordial era se libertar de uma vez por todas da asfixiante dependência da Rússia.

O atual presidente chegou ao poder logo depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia e instigou uma revolução armada no leste do país. Por isso, seu mandato já começou em torno de um estado de guerra que limitou sua capacidade de manobra.


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Diante da ameaça latente de divisão do país no leste pró-Rússia e no oeste nacionalista, Poroshenko teve muitas vezes que deixar o terno em casa, vestir o uniforme de comandante-em-chefe e vender o papel de "salvador da pátria" para evitar a desintegração do país.

"Exército, língua e fé" foram os pilares que guiaram sua gestão nos últimos cinco anos.


Uma vez assinados os Acordos de Paz de Minsk, em fevereiro de 2015, Poroshenko dedicou grandes esforços a recuperar a moral de um Exército que tinha perdido a guerra, nem tanto devido à capacidade das milícias separatistas, mas principalmente devido aos reforços chegados da Rússia.

Para isso, Poroshenko buscou apoio nos Estados Unidos e na Otan, sendo recebido em várias ocasiões em Bruxelas e Washington, mas não obteve armamento para fazer frente ao movimento separatista das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.


O incidente naval ocorrido em novembro do ano passado nos mares Negro e de Azov revelou tanto a fragilidade da defesa nacional como a vontade do Kremlin de punir qualquer movimento em falso de Kiev.

O maior sucesso de Poroshenko nos últimos cinco anos foi a criação de uma Igreja Ortodoxa independente após mais de 300 anos de subordinação ao Patriarcado de Moscou.

Se o presidente ucraniano não conseguiu romper os laços com Moscou nos outros campos, no plano religioso desferiu um golpe quase mortal à Igreja Ortodoxa Russa, uma grande aliada do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Dada a importância da fé neste país, o advento da nova igreja ortodoxa é um passo crucial para a libertação definitiva da Ucrânia do jugo russo.

Outra aposta de Poroshenko é solicitar a entrada na União Europeia em 2023, ou seja, logo antes da conclusão do próximo mandato presidencial, um objetivo que a maioria dos analistas considera utópica.

Contudo, viver como os europeus continua sendo um lema muito atrativo para a maioria de ucranianos, devido à queda de receita nos últimos anos.

A má situação econômica pode tirar votos de Poroshenko, mas o que realmente pode levá-lo a uma derrota é a latente corrupção e sua descumprida promessa de vender quase todos seus ativos assim que assumisse a presidência.

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