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Entenda o que é o artigo 5º da Otan e como se relaciona com míssil que caiu na Polônia

O incidente deixou dois mortos na cidade de Przewodów e causou preocupação pela escalada da guerra na Ucrânia

Internacional|Letícia Sepúlveda e Lucas Ferreira, do R7

Bandeiras dos Estados-membros da Otan
Bandeiras dos Estados-membros da Otan Bandeiras dos Estados-membros da Otan

O mundo entrou em alerta na última terça-feira (15), quando um míssil, supostamente de fabricação russa, caiu na cidade de Przewodów, na Polônia, e matou duas pessoas em meio à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A tensão se deve em parte ao artigo 5º da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança que tem a Polônia como um de seus membros.

O artigo estabelece o “princípio da defesa coletiva”, que garante que os recursos de todos os membros possam ser usados para proteger um aliado que tenha sua segurança, integridade territorial ou independência política ameaçada.

Em entrevista ao R7, o doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa e membro do Royal Institute of International Affairs Igor Lucena explicou como o artigo 5º seria aplicado na prática.

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"O artigo 5º, talvez, é o artigo mais importante dentro da aliança, porque ele preconiza que um ataque a um país-membro seria um ataque a todos os países dentro do grupo. Ou seja, se você tiver um ataque — no caso que a gente está trabalhando, um real ataque à Polônia —, não só a Polônia estaria sendo atacada, mas sim todos os países-membros."

No início da invasão, em 13 de março, um ataque russo a um centro de treinamento militar na Ucrânia, localizado a 20 km da Polônia, matou 35 pessoas e deixou 134 feridos. Na ocasião, a possibilidade do uso do artigo 5º caso o ataque atingisse o território polonês levou a especulações sobre uma possível "terceira guerra mundial”.

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O artigo foi evocado apenas uma vez, pelos Estados Unidos, quando o país sofreu os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. No mesmo ano, os americanos invadiram o Afeganistão com o objetivo de capturar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

"O artigo 5º só foi utilizado uma única vez, que foi nos ataques terroristas do 11 de Setembro, nos Estados Unidos", conta Lucena. "Os norte-americanos conseguiram levar para o Afeganistão países aliados da Otan. Na verdade, foram para o Afeganistão, para o Iraque, até mesmo para parte da Síria."

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A tensão só começou a se amenizar quando o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, disse que “provavelmente” o míssil que caiu na Polônia veio dos sistemas de defesa aérea da Ucrânia.

Segundo Stoltenberg, "não há indícios” de que a explosão seja o resultado de "um ataque deliberado", e uma “investigação está em andamento”.

Com as primeiras informações, Lucena ressalta que, se o fato for considerado um acidente, o artigo 5º não será invocado. Isso porque o artigo 4º da Otan aponta para um deliberação dos países-membros, que buscariam entender a real intenção por trás do evento.

"O artigo 4º serve para que sejam feitas consultas aos membros da Otan e, paralelamente às consultas, uma espécie de reorganização sobre atitudes a serem tomadas na escala de defesa. O artigo 4º já foi acionado várias vezes, e ele deve ser articulado [mais uma vez]", diz o internacionalista.

O próprio presidente polonês, Andrzej Duda, também disse, em uma coletiva de imprensa, que acredita na hipótese de que o míssil que atingiu o país seja da Ucrânia.

Entretanto, autoridades declararam que a Rússia é culpada pelo incidente, já que a Ucrânia tenta se proteger dos bombardeios que atingem seu território desde o início da invasão, em fevereiro.

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O governo russo alega que o míssil foi disparado pelas forças de Kiev e que seus ataques ocorreram a mais de 35 km da fronteira entre a Ucrânia e a Polônia.

Em um eventual cenário de a Rússia ser inteiramente responsabilizada pelo incidente, isso faria com que os 30 países-membros da Otan, incluindo as potências nucleares, sejam acionadas para defender a Polônia.

"Não há dúvida de que o artigo 5º seria invocado e todas as nações teriam que fazer uma defesa coletiva. Não significa que, ao mesmo tempo, todos os exércitos de todas as nações vão atacar; vai depender de uma logística regional e de como seriam esses revides", conclui Lucena.

O que é a Otan?

A criação da Otan, em 1949, é uma consequência direta da influência geopolítica da União Soviética em meados do século 20. Uma outra inspiração foi o Tratado de Dunquerque, de 1947, estabelecido pelo Reino Unido e pela França. Ambos os acordos preveem a defesa dos envolvidos nos tratados em caso de invasão de outros países.

Atualmente, o bloco militar tem 30 países-membros e, em breve, pode adicionar outras duas nações: Finlândia e Suécia. A Rússia é contra a adesão de novos Estados e já externalizou ser contrária a esse movimento.

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