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Entenda o que está em jogo no acordo entre Ucrânia e Rússia, e o papel dos EUA na negociação

Pela primeira vez, os governos russo e ucraniano chegam perto de fechar um possível acordo de cessar-fogo

Internacional|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Aproximação entre EUA e Rússia pode trazer um acordo de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia.
  • Trump defende concessões territoriais da Ucrânia, aumentando a pressão sobre Zelensky.
  • Ceder territórios pode fragilizar as garantias de segurança da Ucrânia e impactar negativamente a imagem de Zelensky.
  • Próximos passos incluem a definição de termos do acordo e garantias de segurança, enfrentando desafios delicados.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Trump prepara encontro trilateral com Rússia e Ucrânia White House/ Daniel Torok

A reaproximação entre Estados Unidos (EUA) e Rússia indica nova etapa na relação bilateral.

Mesmo após ameaças de Donald Trump a países que mantivessem comércio com Moscou, a cooperação operacional entre as duas nações representa movimento relevante diante da promessa de campanha do presidente norte-americano: encerrar a guerra na Ucrânia.


Diferentemente do ex-presidente dos EUA Joe Biden, que recusou demandas apresentadas por Vladimir Putin, Trump defendeu que a Ucrânia cedesse parte de seus territórios à Rússia.

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Para o cientista político do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, Maurício Santoro, o momento revela pressões cruzadas entre Europa, militares, diplomatas e a própria Casa Branca.


O republicano há muito expressa admiração por Putin. Apesar das ameaças ao governo russo e a países parceiros, a consideração pelo líder do Kremlin fica evidente na aplicação de tarifa reduzida de 10%.

“A ironia é os EUA punirem parceiros comerciais da Rússia, enquanto mantêm tratamento mais brando para o próprio país”, observou Santoro.


Segundo ele, “no segundo mandato, há mais em jogo, por conta da guerra na Ucrânia, e os pontos de conflito entre o presidente e seus auxiliares são maiores. Trump tem prevalecido, mas só até certo ponto. Ele rompeu com a política de Biden ao receber Putin com honras, na cúpula do Alasca, no primeiro encontro desse tipo desde a invasão da Ucrânia”.

Santoro ressalta, contudo, que até o momento não houve concessões significativas em relação à guerra, sinalizando limites impostos por militares e diplomatas.


O professor de Relações Internacionais Roberto Uebel avalia que a aproximação tem caráter “cenográfico”, voltado principalmente para lideranças europeias. À Record News, destacou que Trump não entra em negociações sem esperar ganhos, como eventual indicação ao Nobel da Paz.

Uebel acrescenta que fatores internos também pesam, já que as eleições de meio de mandato, em pouco mais de um ano, serão decisivas para garantir maioria republicana na Câmara e no Senado.

O que está em jogo

Para selar a paz, Moscou exige que Kiev ceda Donetsk e Luhansk, regiões já parcialmente controladas por tropas russas, além de se comprometer a não ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Especialistas ouvidos pelo R7 avaliam que aceitar essas condições significaria perda relevante para a Ucrânia, tanto em termos estratégicos quanto econômicos.

De acordo com João Alfredo Lopes Nyegray, coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC-PR, prescindir desses territórios ampliaria o “efeito demonstração” de que a força militar compensa e enfraqueceria garantias de segurança em futuros compromissos.

“Ao advogar por trocas territoriais e enquadrar a Ucrânia como ‘parte menor’ no tabuleiro, Trump coloca Zelensky sob pressão significativa — política, militar e financeira — sobretudo porque Washington continua sendo o provedor crítico de ajuda, inteligência e sistemas de defesa aérea", analisa Nyegray.

O especialista lembra: iIsso não significa que Kiev cederá. “Ná coesão doméstica para resistir, e os europeus, presentes hoje em Washington, tentam ‘amarrar’ a negociação a parâmetros que não convalidem juridicamente anexações“, completa.

Apesar do ataque realizado pela Rússia na terça-feira (19), poucas horas após o encontro entre Trump e Zelensky, Santoro acredita que Putin deve manter a ofensiva.

“Embora não sejam muito expressivos, os ganhos recentes incentivam Moscou a seguir com ataques, para acumular cartas mais fortes em futuras negociações. A cúpula do Alasca não trouxe resultados concretos para ele, e os europeus agora pressionam os EUA para evitar concessões”, explicou.

Segundo a Força Aérea da Ucrânia, durante a madrugada foram disparados 270 drones e 10 mísseis. Pelo menos quatro mísseis e 16 drones atravessaram as defesas aéreas do país.

Para a especialista em Relações Internacionais Natali Hoff, aceitar ceder os territórios não prejudicariam somente a Ucrânia, mas também a imagem de Zelensky.

“Ele já vem sofrendo com esse desgaste, se essa guerra acabar com um acordo tão desvantajoso com a cessão de territórios, esse acerto seria terminal para sua posição política e encarado como muito negativo por muitos ucranianos”, afirmou.

Próximos passos

Segundo Hoff, a etapa mais delicada ocorre após a assinatura do acordo. “Esse é desafiador de se pensar, por conta dos muitos atores e das muitas questões de fundo. Tanto relacionadas à Ucrânia e à relação com a Rússia, como à própria segurança europeia. Então essa implementação seria muito delicada e bastante desafiadora”, apontou.

Conforme a especialista, os próximos passos envolvem finalizar termos do pacto, definir condições de cessar-fogo sob mediação internacional, estabelecer garantias de segurança e planejar a reconstrução do país. Hoff acrescenta que sanções contra a Rússia e discussões sobre estabilização das relações também devem integrar a agenda.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Qual é o contexto atual do acordo entre Ucrânia e Rússia?

 

Os governos russo e ucraniano estão próximos de fechar um possível acordo de cessar-fogo, com a aproximação dos Estados Unidos com a Rússia indicando uma nova fase nas relações entre os dois países. A situação é complexa, envolvendo pressões internas nos EUA e a guerra na Ucrânia.

 

Qual é a posição de Donald Trump em relação à Ucrânia e Rússia?

 

Donald Trump, ao contrário de Joe Biden, sugeriu que a Ucrânia cedesse alguns territórios à Rússia. Essa postura gera um conflito de pressões entre as diferentes facções políticas e militares dos EUA, com Trump buscando um benefício político, como uma possível indicação ao Nobel da Paz.

 

Quais são as exigências da Rússia para um acordo de paz?

 

A Rússia exige que a Ucrânia ceda parte de seus territórios, como Donetsk e Luhansk, e que o país não se junte à OTAN. Especialistas alertam que, se o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aceitar essas condições, a Ucrânia perderá áreas importantes para sua economia.

 

Como a ceder territórios pode impactar a Ucrânia?

 

Ceder territórios pode ser prejudicial para a Ucrânia, pois isso demonstraria que a força militar russa é eficaz, enfraquecendo as garantias de segurança para o futuro. Além disso, a pressão sobre Zelensky aumentaria, considerando que os EUA são um importante fornecedor de ajuda militar e financeira.

 

Qual é a situação militar atual entre Ucrânia e Rússia?

 

Recentemente, a Rússia lançou ataques, disparando 270 drones e 10 mísseis, com alguns deles conseguindo atravessar as defesas aéreas da Ucrânia. Isso sugere que a Rússia busca continuar sua ofensiva para ter uma posição mais forte em eventuais negociações de paz.

 

Quais são os desafios após um possível acordo?

 

Após um acordo, a implementação será desafiadora, envolvendo a definição de verificações e garantias de segurança. A especialista Natali Hoff destaca que a mudança nas interações entre as partes será complexa, considerando os diversos atores e questões de fundo relacionadas à segurança europeia.

 

Quais são os próximos passos para a resolução do conflito?

 

Os próximos passos incluem a finalização dos termos do acordo, a formalização das condições para um cessar-fogo com mediação internacional, e discussões sobre segurança e reconstrução da Ucrânia. Sanções contra a Rússia e a estabilização das relações também serão temas importantes a serem abordados.

 

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