O governo dos Estados Unidos solicitou ao Brasil que classifique as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) como organizações terroristas. A proposta, apresentada por representantes da administração Trump em reunião com autoridades brasileiras em Brasília, visa permitir a aplicação de sanções mais severas e reforçar o combate ao crime transnacional. O governo brasileiro, no entanto, rejeitou o pedido, argumentando que a legislação nacional não permite tal classificação para grupos cuja motivação principal é o lucro, e não ideológica ou religiosa.Durante encontro realizado em Brasília, representantes do governo dos Estados Unidos, liderados por David Gamble, chefe interino da coordenação de sanções do Departamento de Estado, solicitaram que o Brasil classifique o PCC e o CV como organizações terroristas. Segundo os americanos, essa designação permitiria a aplicação de sanções econômicas mais rigorosas e facilitaria a cooperação internacional no combate ao crime organizado.As autoridades norte-americanas alegam que as facções brasileiras têm presença em pelo menos 12 estados dos EUA, incluindo Nova York, Flórida e Nova Jersey, onde estariam envolvidas em atividades como tráfico de armas e lavagem de dinheiro. Além disso, afirmam que a classificação como terroristas permitiria ações mais eficazes para desmantelar as operações desses grupos.O governo brasileiro, por sua vez, rejeitou o pedido, argumentando que, de acordo com a Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260/2016), o terrorismo é definido como atos motivados por razões ideológicas, religiosas ou de preconceito, o que não se aplica às facções mencionadas, cuja principal motivação é o lucro por meio de atividades ilícitas. Autoridades brasileiras também expressaram preocupação de que tal classificação pudesse ter implicações negativas, como sanções econômicas e impactos na imagem internacional do país.Especialistas em segurança pública destacam que, embora as ações do PCC e do CV possam causar terror e insegurança, enquadrá-los como organizações terroristas poderia trazer desafios legais e diplomáticos. A discussão sobre a classificação dessas facções continua sendo um ponto de divergência entre os dois países.