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'Envio de pacotes-bomba prova que debate se perdeu', diz democrata

Em entrevista ao R7, comissário democrata afirma que EUA vivem realidade inédita e que polarização é pior do que a das eleições em 2016

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Alvos de pacotes-bomba são críticos de Trump
Alvos de pacotes-bomba são críticos de Trump Alvos de pacotes-bomba são críticos de Trump

O envio de pacotes-bomba para democratas de alto escalão e críticos do presidente Donald Trump desde o início da semana é uma prova de que o debate político nos Estados Unidos se perdeu. A afirmação é de Dale Holness, que atua como comissário político democrata para o condado de Broward, na Flórida, em entrevista exclusiva ao R7.

“O debate político, as discussões sobre como podemos evoluir enquanto comunidades e beneficiar as pessoas que servimos, tudo isso se perdeu", diz Holness ao lembrar que, em menos de 15 dias, os americanos vão às urnas para escolher os novos integrantes da Câmara dos Representantes e do Senado, que formam o Congresso.

Dale Holness é político há 14 anos e trabalha com a deputada Debbie Wasserman Schultz — cujo escritório na cidade de Sunrise, na Flórida, recebeu um pacote com potenciais explosivos nesta quarta-feira (24): “Eu estive com ela na noite de ontem e posso afirmar que ela está muito abalada. É assustador para todos nós. É a primeira vez que ela recebe uma ameaça tão séria como essa — houve telefonemas no passado, mas nada desta dimensão”.

Trabalho no condado de Broward

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Holness representa o condado de Broward, na Flórida
Holness representa o condado de Broward, na Flórida Holness representa o condado de Broward, na Flórida

Holness explica ao R7 que seu trabalho envolve a captação de investimentos para o condado de Broward. “Há 67 diferentes condados em Flórida e 31 cidades sob jurisdição de Broward, onde a população total é de 1,9 milhão de pessoas. Há nove comissários para o condado — somos autoridades que captam investimentos para portos, aeroportos, transportes, estradas, parques, desenvolvimento econômico, serviços sociais. Nós acompanhamos de perto o que acontece na comunidade.”

Na opinião do democrata, os Estados Unidos vivem hoje um cenário muito mais polarizado do que aquele das eleições presidenciais em 2016. “Mesmo em 2012 ou 2014, o debate não era em nenhum grau como é hoje. Vivemos uma realidade em que a verdade não é simplesmente distorcida. Nós vemos mentiras, de fato, sendo propagadas contra as pessoas”, aponta.

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Para Holness, a origem do problema estaria na base do sistema político dos Estados Unidos nos dias de hoje: “Nós nunca tivemos algo assim antes. Isso não é usual, não é comum, não estamos acostumados a isso. Infelizmente, o presidente tem incitado as pessoas a se voltarem umas contra as outras — e não é assim que uma democracia funciona”.

O que pode mudar os rumos e tentativas de ataques no país, de acordo com o comissário, é a própria discussão de ideias divergentes: “Ideias contrastantes são ferramentas para a mudança. A arena política que traz ideias de históricos diferentes é o que construiu o que os Estados Unidos são hoje”, diz.

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“Na nossa história, como país democrático, quando atingimos situações em que estávamos tomando atitudes equivocadas, conseguimos voltar ao que era correto porque temos um sistema democrático. Porque pessoas suficientes percebiam o percalço e promoviam mudanças. Anos atrás, havia uma polarização muito grande a respeito do poder de escolha das mulheres e hoje a maioria dos americanos apoia o empoderamento feminino. Existe a possibilidade de mudança porque somos uma democracia”, finaliza.

Série de pacotes potencialmente explosivos

Já são dez os pacotes-bomba enviados a uma série de democratas de alto escalão e críticos do presidente Donald Trump desde o início da semana. Na manhã desta quinta-feira (25), os alvos foram o ex-vice-presidente do mandato de Barack Obama, Joe Biden, e o restaurante do ator Robert De Niro, no bairro de Tribeca, em Nova York.

Na quarta-feira (24), a polícia americana interceptou supostos artefatos explosivos enviados ao ex-presidente norte-americano Barack Obama, à ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton e outros democratas do alto escalão, no que autoridades de Nova York descreveram como um ato de terrorismo.

A redação da CNN em Nova York também recebeu um dispositivo que parecia uma bomba, levando a polícia a esvaziar o prédio, e o governador de Nova York, Andrew Cuomo, um democrata, disse que seu gabinete também recebeu um pacote suspeito. Eric Holder, que era advogado-geral dos Estados Unidos no governo Obama, também esteve entre os alvos.

O presidente Donald Trump condenou o que chamou de "atos desprezíveis" e prometeu que levará os responsáveis à Justiça em pronunciamento na quarta-feira. Em publicação no Twitter, Trump completou nesta quinta que “grande parte da raiva que vemos hoje em nossa sociedade é causada pelos relatos propositadamente falsos e imprecisos da mídia tradicional”.

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