A capital dos Estados Unidos, Washington D.C., onde um jato comercial e um helicóptero militar colidiram na noite desta quarta-feira (29), tem um dos espaços aéreos mais movimentados e rigorosamente controlados do mundo. Isso porque a região abriga edifícios governamentais sensíveis, bases militares e três aeroportos principais. O Aeroporto Nacional Ronald Reagan (DCA, na sigla em inglês), para onde viajava o jato envolvido no acidente, é o mais próximo da capital e opera sob alta demanda.Cerca de 90% dos voos do aeroporto ocorrem na pista principal: são mais de 800 decolagens e pousos diários, o que a torna a mais movimentada dos Estados Unidos, segundo a agência de notícias Reuters. Mas o trânsito aéreo não é formado apenas por voos comerciais. Helicópteros militares e policiais são muito comuns na região por causa do alto número de instalações do Exército, da Força Aérea e de órgãos de segurança localizados nos arredores da capital. De acordo com um relatório do Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA (GAO) publicado em 2021, cerca de 88.000 voos de helicóptero foram registrados em um raio de 48 km do Aeroporto Nacional Reagan entre 2016 e 2019. Destes, 33.000 foram voos militares e 18.000 foram operações policiais.Apesar das rigorosas regulamentações, houve diversos incidentes envolvendo aeronaves na região que aumentaram as preocupações com a segurança. Em maio de 2024, um jato da American Airlines quase colidiu com um pequeno avião nos arredores do Aeroporto Nacional Reagan. Em abril do mesmo ano, aeronaves da Southwest e da JetBlue também estiveram envolvidas em um incidente de quase colisão.A colisão desta quarta-feira ocorreu por volta das 21h no horário local (23h em Brasília). Segundo as autoridades, o jato transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. O helicóptero tinha três ocupantes a bordo. A batida aconteceu quando o avião, um Bombardier CRJ700, estava a poucos metros da pista do aeroporto, momentos antes de pousar. O helicóptero, um Sikorsky UH-60 Black Hawk, fazia um voo de treinamento no momento do acidente.Autoridades de Washington disseram em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (30) que não acreditam que haja sobreviventes. Equipes de resgate seguem as buscas por vítimas no rio Potomac, onde destroços das aeronaves caíram. Mais de 300 bombeiros trabalham no local, em uma operação que deve durar dias.O chefe do Corpo de Bombeiros do Distrito de Columbia, John Donnelly, disse durante a entrevista que 27 corpos já foram recuperados entre os passageiros do avião e um entre os três militares que estavam no helicóptero.Segundo as autoridades, o avião transportava diversos patinadores, treinadores e familiares que retornavam de um evento vinculado ao Campeonato de Patinação Artística dos EUA, realizado no Kansas.Entre as vítimas, estão os renomados patinadores russos Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, campeões mundiais de patinação artística em duplas em 1994. A informação foi confirmada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.O secretário de Transportes, Sean Duffy, disse durante a coletiva que duas caixas-pretas foram recuperadas.Ainda na coletiva, Duffy, declarou que a Administração Federal de Aviação (FAA) pode adotar medidas para modificar as rotas de voo, caso necessário, para melhorar a separação entre aviões civis e aeronaves militares.O secretário de Defesa, Pete Hegseth, confirmou que tanto o Exército quanto o Departamento de Defesa iniciaram uma investigação para apurar as causas do acidente. Além disso, o senador Jerry Moran, que lidera uma subcomissão de aviação do Senado, afirmou à Reuters que o Congresso também conduzirá uma investigação para entender o que deu errado.No ano passado, o Congresso aprovou cinco novos voos de ida e volta para Washington, o que pode aumentar ainda mais o tráfego na região. Com o crescente volume de voos e os desafios de gerenciamento do espaço aéreo, especialistas avaliam que medidas adicionais podem ser necessárias para evitar novos incidentes e garantir a segurança das operações aéreas na capital dos EUA.