O estudante colombiano Dilan Cruz, de 18 anos, foi morto a tiros por uma espingarda de calibre 12, com balas de chumbo, de acordo com um relatório do Instituto Médico Legal (IML) divulgado nesta quinta-feira (28), que considerou o caso um "homicídio violento".
"Os resultados da necropsia nos permitem afirmar que a morte do jovem é decorrente de traumatismo craniano penetrante causado pelas munições de impacto disparadas por uma arma de fogo, que causam danos graves e irreversíveis ao cérebro", disse a diretora do IML, Claudia García, em comunicado à imprensa.
Leia também
Quem é Dilan Cruz, jovem morto em manifestação que virou símbolo de protestos antigoverno na Colômbia
Colombianos vão às ruas de Bogotá em novo protesto contra Duque
Prefeito de Bogotá decreta lei seca para evitar excessos nos protestos
Escalada de motivos levou Colômbia a protestos que já duram 7 dias
Cruz foi a primeira pessoa morta da violência policial em protestos contra o governo colombiano. O rapaz morreu na segunda-feira (25), dois dias depois de ser ferido na cabeça por um tiro do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) durante uma manifestação pacífica no centro de Bogotá.
Bala de chumbo
García explicou que os elementos estudados pela equipe do IML, formada por especialistas forenses, fazem parte de "um cartucho de carga múltipla, munição de impacto" do tipo 'Bean Bag' - balas de chumbo dentro de uma bolsa de tecido. "Os relatórios da autópsia e da balística serão entregues hoje à Procuradoria Geral", acrescentou a diretora.
O diretor da Polícia Colombiana, general Óscar Atehortúa, informou ontem que o caso de Cruz está nas mãos da Procuradoria Geral da República, que aplicou "poder preferencial" para lidar com a investigação.
Caso não pode se repetir
A esse respeito, o procurador-geral do país, Fernando Carrillo, disse aos jornalistas antes que o relatório forense fosse divulgado que o Ministério Público está verificando se as normas e protocolos internacionais para o uso dessas armas foram cumpridos no caso.
O funcionário destacou que esse tipo de morte não pode ser repetida e deu como exemplo o Chile, onde a crise social já deixou pelo menos 23 vítimas, das quais seis foram supostamente resultado da ação de agentes estatais acusados por organismos internacionais de terem cometido violações de direitos humanos para conter os protestos.
"A Colômbia não pode permitir que se repita o cenário vivido no Chile 41 dias após o início dos protestos sociais", destacou Carrillo.
Cruz foi internado no sábado à tarde no Hospital San Ignacio, no bairro Chapinero, depois de ter sido ferido pela polícia. Desde então, milhares de participantes de manifestações contra a política econômica e social do presidente colombiano, Ivan Duque, se reuniram em frente ao hospital em homenagem ao jovem estudante, que se tornou um símbolo da rejeição à violência policial.