EUA não aplicarão novas normas contra discriminação em fronteiras
Internacional|Do R7
Washington, 6 dez (EFE).- As novas diretrizes que serão anunciadas nos próximos dias pelo governo dos Estados Unidos para evitar a discriminação racial por parte das forças de segurança não serão aplicadas aos agentes de imigração que fiscalizam a entrada de pessoas nos aeroportos e fronteiras, segundo informa neste sábado a imprensa americana. Segundo altos cargos citados pelos jornais "Washington Post" e "The New York Times", os agentes do Departamento de Segurança Nacional que vigiam a fronteira dos EUA com o México e a entrada de passageiros nos aeroportos do país poderão continuar detendo pessoas com base em sua cor de pele ou etnia. O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, deverá anunciar a próxima semana as novas diretrizes sobre a discriminação racial. O país passa por um momento de protestos devido às decisões de dois júris de não acusar policiais brancos pela morte de homens negros em Nova York e Ferguson (Missouri). As novas normas proibirão pela primeira vez a discriminação racial em casos de segurança nacional e impedirão os agentes de segurança de levarem em consideração fatores como cor da pele, nacionalidade e religião em novos casos, segundo os funcionários citados pelas duas publições. Apesar de Holder considerar que as regras também deveriam ser aplicadas aos agentes de imigração, o Departamento de Segurança Nacional conseguiu impor o argumento de que não seria prático ignorar esses fatores quando as se examinar as pessoas nas fronteiras e aeroportos. "Os investigadores da imigração disseram: 'Não podemos fazer nosso trabalho sem considerar a etnia. Dependemos muito disso'. Querem ter as menores restrições possíveis a respeito disso", disse um funcionário americano, que pediu o anonimato, ao "The New York Times". A exceção no uso das diretrizes será concedida a parte do Departamento de Segurança Nacional, incluindo a Administração de Segurança no Transporte (TSA, em inglês) e parte da Agência de Fiscalização de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, em inglês), segundo o "Washington Post". O secretário de Segurança Nacional dos EUA, Jeh Johnson, se envolveu pessoalmente na campanha para eximir essas agências em várias reuniões de alto nível, afirma o jornal de Washington. "A maioria das pessoas com as quais lidamos são hispânicas. Isso é discriminação racial ou simplesmente o fato de que muitas pessoas que chegam ao país são de origem hispânica?", disse um funcionário de imigração. O debate sobre a inclusão ou não dos agentes de imigração atrasou a divulgação das normas, nas quais o Departamento de Justiça trabalhou durante cinco anos. Em 2003, o então presidente George W. Bush proibiu a discriminação racial, mas esse veto não se aplicava às investigações de segurança nacional e só se baseava no fator da cor da pele. As novas normas também proíbem discriminar com base em religião, nacionalidade e orientação sexual e serão obrigatórias para as agências do Departamento de Justiça, além de servir como diretriz para as delegacias de polícia. De acordo com o "Washington Post", as regras também não serão aplicadas a uma prática do FBI que consiste em designar um bairro como sujeito a possíveis investigações em função de dados demográficos sobre grupos étnicos. EFE llb/vnm