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EUA registraram mais de um tiroteio em massa por dia em 2022

Ao menos 8.031 pessoas morreram em decorrência de disparos de arma de fogo no país, segundo dados da Gun Violence Archive

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Moradores de Uvalde lamentam massacre em escola do Texas
Moradores de Uvalde lamentam massacre em escola do Texas Moradores de Uvalde lamentam massacre em escola do Texas

Os Estados Unidos voltaram a discutir a circulação de armas entre civis após uma série de ataques ter tirado a vida de mais de 30 pessoas, em diferentes regiões do país, nas últimas semanas. Segundo informações da imprensa americana, os armamentos usados nesses incidentes tinham registro e origem legal.

A organização Gun Violence Archive, que notifica episódios com armas de fogo nos EUA, registrou, em 2022, 234 tiroteios em massa no país — quando quatro pessoas ou mais são mortas ou feridas na mesma ação. Esses números mostram que houve mais de um caso por dia em território americano.

Os altos números, considerados pela mídia americana uma endemia, dividem a nação. Em entrevista ao R7, o cientista político Leonardo Paz Neves, integrante do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (Fundação Getulio Vargas), destaca a fragmentação dos americanos sobre o assunto.

“A percepção do povo é muito diferente. Tem um grupo de pessoas, de maneira geral mais urbano, mais progressista, que acha que na realidade a facilidade de adquirir armas é um problema. Vai ter um outro grande grupo que acha que não, que acredita que não são as armas que matam pessoas, são pessoas que matam pessoas.”

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A Gun Violence Archive registrou 8.031 mortes e 15.119 feridos em eventos com armas de fogo nos Estados Unidos até 1º de junho. Entre as vítimas baleadas que não morreram, 466 são crianças e houve 1.924 acidentes. A organização ainda destaca os 609 episódios com vítimas em disparos acidentais.

“Supostamente os atentados que já acontecem seriam de fato um elemento de mudança na opinião pública, [...] no final das contas continua existindo um grupo muito aguerrido de pessoas que ainda acham que, enfim, é possível ter armas, é necessário ter armas para se proteger.”

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O que é o lobby de armas?

Rifle estilizado com a bandeira dos EUA
Rifle estilizado com a bandeira dos EUA Rifle estilizado com a bandeira dos EUA

Com os últimos casos de massacres no Texas, Nova York, Califórnia e Oklahoma, o termo “lobby de armas” ficou em evidência na imprensa. O próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que é vital a luta contra o grupo, que defende a posse de armamentos por civis.

O tão falado lobby, nesse caso a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), tem uma relação estreita com os líderes políticos do Partido Republicano, em especial os representantes dos estados do sul do país. É nessa região dos EUA que o porte de armas é visto como parte da liberdade do cidadão americano.

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“De maneira geral, o perfil de quem defende as armas é de um indivíduo mais conservador, majoritariamente do sul, que tem uma tradição mais conservadora, com ligação com o Partido Republicano”, explica Neves.

A NRA é responsável por organizar eventos com exibição de novas armas, outros tipos de material bélico e até mesmo discursos com o ex-presidente republicano Donald Trump, ferrenho defensor do direito às armas no país.

"A existência do mal em nosso mundo não é motivo para desarmar os cidadãos que respeitam a lei", disse Trump aos presentes na convenção anual da NRA na última semana. "A existência do mal é uma das melhores razões para armar os cidadãos que respeitam a lei."

Biden, por sua vez, aproveitou a onda de massacres nos Estados Unidos para exigir a implementação de mudanças nas leis armamentistas do país. Em uma série de entrevistas, o presidente pede a legisladores que reduzam as facilidades para a aquisição de armas.

“Biden não tem sido a favor da proibição das armas. Ele está querendo proibir a posse de armas de grosso calibre, como armas automáticas e rifles. Basicamente os armamentos de guerra que são liberados nos Estados Unidos”, destaca o professor.

Esse passo do presidente, porém, pode gerar revolta no lobby armamentista, que interpreta a proibição da venda desse tipo de arma como o início de sanções muito maiores.

“Biden está em um contexto muito complicado, ele não é um presidente superpopular, ele não é um presidente superenérgico, muito carismático. Então, acho que vai ter dificuldade de implementar uma mudança tão drástica assim na sociedade americana”, diz Neves. “Biden não me parece ser um presidente promotor de grandes mudanças”, conclui.

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