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Ex-piloto diz que El Chapo tentou matá-lo quatro vezes na prisão

Funcionário do traficante entre as décadas de 1980 e 90 disse no julgamento que sobreviveu a quatro atentados contra sua vida desde que foi preso

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Ex-piloto acusou 'El Chapo' Guzmán (c) por quatro atentados contra sua vida
Ex-piloto acusou 'El Chapo' Guzmán (c) por quatro atentados contra sua vida

Ser piloto de um dos maiores cartéis de drogas do mundo não é o emprego mais seguro do mundo. Miguel Ángel Martínez, que trabalhou por quase uma década com o traficante mexicano Joaquín 'El Chapo' Guzmán, contou nesta quarta-feira (28) que escapou de quatro atentados contra sua vida e que o mandatário foi seu ex-chefe.

Durante mais um dia de depoimentos no julgamento de El Chapo, Martínez, conhecido como 'El Gordo', explicou aos jurados que preferia nunca ter de testemunhar contra o chefão.

"Se quando eu estava para ser extraditado, mesmo sem nunca ter mencionado o sr. Guzmán, nunca ter falhado com ele, nunca ter roubado nada dele, nunca tê-lo traído, ter cuidado da família dele, tudo o que eu recebi dele foram quatro ataques contra mim sem uma única palavra da parte dele, você pode imaginar o que vai acontecer comigo agora...", disse a testemunha, segundo a imprensa norte-americana.

Objeção da defesa


Nesse instante, o depoimento de El Gordo foi interrompido por uma objeção dos advogados de defesa de El Chapo. O juiz aceitou, dizendo que a testemunha não teria elementos para provar a ligação entre o chefão e os ataques.

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Mais tarde, quando foi questionado pelos advogados de Guzmán, Martínez deu detalhes de sua trajetória após ser preso como membro do cartel de Sinaloa e explicou os atentados que sofreu durante os anos em que esteve preso no México.


Ele afirmou que em 1998, após ser detido pela polícia mexicana, cometeu seu "maior erro". Vendeu uma casa, onde uma das amantes de Chapo vivia com a família, sem que ela soubesse. O imóvel estava no nome dele e o dinheiro serviu para ele pagar advogados.

Série de atentados


Dois meses após vender a casa, ele foi atacado dentro da cadeia. Três homens entraram em sua cela e o esfaquearam. Foram pelo menos sete perfurações e ele teve ferimentos nos pulmões e no intestino.

Após se recuperar, ele foi colocado no mesmo pavilhão onde estavam os homens que o atacaram. Martínez foi novamente esfaqueado, enquanto fazia um telefonema. As seis facadas que recebeu atingiram os pulmões e o pâncreas.

Desta vez, depois de sair do hospital El Gordo foi levado a outro presídio. Segundo ele, ao chegar à instituição, seus novos colegas perguntavam que número de sapato ele calçava, para poderem ficar com os dele depois que ele fosse finalmente morto.

O terceiro ataque aconteceu quando Martínez estava acompanhado de um guarda. Vários homens os cercaram e tentaram esfaqueá-lo na região do rosto, mas ele se defendeu e o guarda conseguiu chamar ajuda.

Música e granadas

O relato do quarto ataque parece saído de um filme. Confinado em uma prisão na cidade do México, Martínez contou que uma banda de metais entrou no pátio do prédio e passou a noite toda tocando uma das músicas preferidas de El Chapo.

"A letra da música diz que você deve viver sua vida intensamente porque a única coisa que você leva quando parte é um punhado de terra", contou El Gordo.

Quando amanheceu, a banda parou. Pouco depois, um homem entrou na cadeia, rendeu um dos guardas, colocou uma arma em sua cabeça e mandou que abrisse a cela de Martínez.

O vigia alegou que não tinha a chave e o homem simplesmente jogou uma granada dentro da cela e fugiu. El Gordo disse que se escondeu atrás da privada e conseguiu escapar ileso.

Promotoria e defesa

A defesa tentou minar a credibilidade de Martínez como testemunha perguntando porque a explosão não teria sido divulgada pela imprensa e explorando seu vício em cocaína.

A promotoria, por sua vez, alega que El Chapo ameaçou a vida de Martínez e que ele só está vivo porque foi extraditado em 2001, cumpriu sua pena e agora vive no programa de proteção a testemunhas do FBI, por ter denunciado diversos chefões do tráfico.

Segundo a acusação, El Chapo lucrou cerca de US$ 14 bilhões (cerca de R$ 54 bilhões) com o tráfico durante mais de três décadas. Guzmán responde a 17 acusações no tribunal em Nova York (EUA) e pode ser condenado à prisão perpétua.

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