Fim de ataque a shopping no Quênia deixa saldo de 72 mortos
Internacional|Do R7
Pedro Alonso. Nairóbi, 24 set (EFE).- Após quatro dias de tentativas pelo exército do Quênia, a ocupação do shopping de Nairóbi atacado no sábado por islamitas terminou nesta terça-feira com pelo menos 72 mortos, apesar de tudo apontar para um número de vítimas ainda maior. Em um discurso televisionado à nação, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou o fim da pior ação terrorista que atingiu o país desde o atentado de 1998 contra a Embaixada dos Estados Unidos na capital, que deixou mais de 200 mortos. "Envergonhamos e derrotamos quem nos atacou", afirmou Kenyatta com semblante sério, ao ressaltar que a tomada do edifício deixou "cinco terroristas mortos" e que as perdas provocadas pelo ataque foram "imensas". O chefe de Estado detalhou que, além dos terroristas, 61 civis e seis soldados quenianos morreram, e 62 dos 175 feridos continuam hospitalizados. No entanto, o presidente advertiu que três andares do centro comercial Westgate desabaram durante as operações das forças de segurança para render os terroristas e que há corpos sepultados entre os escombros. O presidente ainda disse que 11 suspeitos foram detidos por terem relação com o ataque, iniciado no sábado pela milícia radical islâmica somali Al Shabab com o lançamento de granadas e tiros contra clientes e funcionários do shopping. Al Shabab ameaçava atacar o Quênia desde outubro de 2011, quando tropas quenianas entraram na Somália para perseguir esse grupo fundamentalista, e que o governo de Nairóbi acusou de vários sequestros em seu território. "Estes covardes responderão na Justiça, assim como seus cúmplices e chefes, estejam onde estiverem", ressaltou Kenyatta sobre os fundamentalistas somalis, que ano passado anunciaram sua adesão à rede terrorista Al Qaeda. O presidente declarou três dias de luto nacional, que começará amanhã. As bandeiras ficarão a meio mastro em todo o país, a fim de "honrar a memória dos que perderam a vida neste ataque", o que inclui membros de sua própria família. Em seu discurso lembrou que entre as vítimas figuram cidadãos de "várias nacionalidades" e insistiu que "o terrorismo é um problema global que requer uma solução global". Kenyatta especificou que não pôde confirmar algumas informações da imprensa sobre a suposta participação de um britânico e de dois ou três cidadãos americanos no ataque, possibilidade ainda sendo checada por especialistas. O discurso presidencial, muito esperado ao longo de todo o dia, aconteceu depois de serem ouvidos novamente disparos e explosões no interior do Westgate, totalmente isolado pelo Exército queniano. Durante o seqüestro, as forças de segurança e os corpos de voluntários conseguiram retirar mil pessoas do centro comercial, uns dos mais luxuosos da cidade e frequentado por residentes estrangeiros e quenianos de classe alta. A tragédia produziu uma grande comoção no país africano, onde centenas de cidadãos expressaram sua solidariedade respondendo à chamada da Cruz Vermelha para doar sangue para ajudar as vítimas ainda hospitalizadas. EFE pa/cd (foto) (vídeo)