Gabriel Boric é eleito presidente do Chile
Candidato da esquerda derrotou o conservador José Antonio Kast, que o cumprimentou pela vitória nas urnas
Internacional|Do R7
Gabriel Boric foi eleito neste domingo (19) o novo presidente do Chile. O deputado de esquerda representante do Partido Convergência Social já recebeu o telefonema de seu adversário, o advogado ultraconservador José Antonio Kast, cumprimentando-o pela vitória nas urnas. A votação em segundo turno foi realizada a partir das 8h deste domingo.
"Acabo de falar com Gabriel Boric e o felicitei por seu grande triunfo. Desde hoje ele é o presidente eleito do Chile, merece todo o nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile está sempre em primeiro lugar", escreveu Kast nas redes sociais.
Às 20h, com 45.362 urnas apuradas, o que corresponde a 96,74% do total, de 46.887, Boric tinha 55,81% dos votos, contra 44,19% de Kast.
No primeiro turno, disputado há pouco menos de um mês, o advogado Kast, de 55 anos, foi o primeiro colocado, com 27,91% dos votos, enquanto o deputado Boric, 35, obteve 25,83%.
O resultado do segundo turno também pode ser decisivo para a simples adoção da futura Constituição chilena, que está em elaboração e deve ser finalizada entre abril e julho de 2022. A tendência é que o governo Boric abrace com mais facilidade as novas leis, elaboradas por um grupo composto mais de independentes que de políticos mais tradicionais.
A votação
Durante o dia, os holofotes se voltaram para o próprio território chileno, onde não faltaram críticas aos problemas no transporte público e engarrafamentos, que atrapalharam a vida dos eleitores. Nas comunas de Puente Alto, Maipú, La Florida e San Miguel, todas na região metropolitana de Santiago, foi possível encontrar pessoas que esperavam até duas horas para conseguir condução e se deslocar para o local de votação.
"É o cúmulo que nós, idosos, tenhamos que esperar tanto tempo no sol, com este calor", disse à Agência Efe a aposentada Mariana Vargas, que vive no bairro de La Reina, na cidade de Santiago. Integrantes das campanhas dos dois candidatos também se queixaram da situação e incentivaram eleitores a dar carona a vizinhos, com o objetivo de garantir mais um voto no pleito, que foi marcado pelo equilíbrio nas pesquisas.
Por volta do meio-dia, prefeituras disponibilizaram veículos oficiais para transportar moradores para os locais de votação. Boric chegou a afirmar que o governo do presidente Sebastián Piñera buscava "boicotar" as eleições. A ministra dos Transportes, Gloria Hutt, reconheceu o problema ao longo do dia e garantiu que estava fazendo "todos os esforços" para resolvê-lo o mais rapidamente possível.
"Há episódios de congestionamentos em vias importantes, e isso afeta a fluidez dos trajetos do transporte público, quando não há via exclusiva. Com isso, os tempos de espera aumentaram", admitiu a titular da pasta, em entrevista coletiva.
O porta-voz do governo, Jaime Bellolio, por sua vez, negou acusações da existência de uma estratégia em prática para que as pessoas não votassem no segundo turno. "Temos cerca de 75% mais ônibus circulando do que em um domingo normal", disse o representante do Executivo.