Iêmen poderá ter “a maior fome do mundo em décadas", alerta a ONU

Crianças e idosos são os mais afetados pela crise humanitária

10/11/2017 - 10h44 (Atualizado em 22/02/2024 - 23h09)

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, alertou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que se o acesso aéreo, marítimo e terrestre não for reaberto no Iêmen para ajuda humanitária, "haverá uma fome sem precedentes" no país. Segundo ele, esta seria a "maior crise de fome que o mundo já viu em décadas, com milhões de vítimas". A informação é da ONU News.

Segundo Lowcock, não será uma fome como a vista no Sudão do Sul no início deste ano, que atingiu dezenas de milhares de pessoas ou a que custou a vida de 250 mil na Somália em 2011, mas algo muito pior.

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Na terça-feira (7), a ONU já havia confirmado que as operações humanitárias para o Iêmen estavam bloqueadas devido ao fechamento de portos aéreos e marítimos no país. O fechamento ocorreu após a morte de um príncipe saudita e sete outras pessoas na queda de um helicóptero perto da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita, país que lidera a coligação que atua no conflito iemenita.

Ações imediatas

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Falando a jornalistas na sede da ONU na quarta-feira (8), em Nova York, após seu informe ao Conselho de Segurança, Lowcock defendeu a realização imeditata de algumas medidas.

Em primeiro lugar, ele pediu a retomada imediata de serviços aéreos regulares da ONU e de outros parceiros humanitários às cidades de Sanaa e Áden, seguida de uma garantia "clara e imediata" de que não haverá outras interrupções a esses serviços.

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Lowcock citou ainda: um acordo sobre o posicionamento do navio do Programam Mundial de Alimentos (PMA), na costa de Áden, com garantias de que as funções que ele apoia não serão mais interrompidas; e a retomada imediata do acesso humanitário e comercial a todos os portos marítimos do Iêmen, especialmente para a entrega de comida, combustível, medicamentos e outros suprimentos essenciais.

Por fim, o oficial da ONU pediu a redução da interferência, com atrasos ou bloqueios, a todos os navios que tenham passado por inspeção do Mecanismo da ONU de Verificação e Inspeção para que possam seguir em direção aos portos o mais rápido possível. Segundo o subsecretário-geral, isso seria "muito importante", já que o acesso humanitário através dos portos já "era inadequado mesmo antes das medidas anunciadas em 6 de novembro".

Desde março de 2015, o número de mortos nos combates no Iêmen é de 5.295. Mais de 8,8 mil pessoas ficaram feridas. O país também está passando pela epidemia de cólera de crescimento mais rápido já registrado. Até 1º de novembro já houve cerca de 895 mil casos suspeitos, mais da metade em crianças, com cerca de 2,2 mil mortes associadas desde 27 de abril.

Essa era a imagem de Saida Ahmed Baghili há um ano. A jovem, que hoje tem 19 anos, é uma das pessoas afetadas pela desnutrição grave no Iêmen. Há um ano, Saida pesava 11 kg e virou símbolo da crise humanitária do país.

Um quarto da população, de 28 milhões, está morrendo de fome, devido a uma guerra que já dura dois anos, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas). O país e fica no sudoeste da Península da Arábica. Em junho, um surto de cólera agravou ainda mais a situação

Em outubro de 2016, quando essa foto foi tirada, Saida Ahmed Baghili estava em tratamento pela desnutrição severa em uma cama no hospital Al-Thawra, em Sanaa

Hoje, a jovem se recupera da desnutrição e já chegou aos 36 kg. Acima, Saida se trata na cabana da família no distrito de Al-Tuhaita da província do Mar Vermelho

A situação de Baghili reflete o que passam muitas famílias no país mais pobre da Península Arábica, onde a guerra que já dura dois anos e meio tirou 10 mil vidas.
A guerra civil no país começou em 2015 por conta de conflitos entre duas entidades que reivindicam o governo iemenita. A cidade de Sanaa é constantemente bombardeada

"O corpo de Saida melhorou porque ela está em recuperação, mas ainda tem problemas para engolir", disse seu pai, Ahmed Baghili, em sua casa em Hodeidah, com os filhos ao lado

O pai de Saida ainda revelou à agência de notícias a base alimentar de Saida: "Ela só pode comer leite, biscoitos e suco"

A jovem passa os dias ao lado de sua irmã de 12 anos, Jalila, na cabana da família no distrito de Al-Tuhaita

A população do Iêmen está massacrada por causa da guerra que já dura dois anos. A família de Saida guarda seus pertences em sacolas penduradas nas paredes

Acima, foto mostra as cabanas da população. Crianças brincam perto da casa de Saida, no distrito de Al-Tuhaita da província do Mar Vermelho, Hodeidah

De acordo com a ONU, o país tem meio milhão de crianças menores de 5 anos com desnutrição grave

A guerra deixou o país miserável, praticamente sem infra-estrutura de água e esgoto. Pelo menos 2.135 pessoas mortas por cólera, doença que se agravou neste ano. Acima, Saida, em tratamento no qual engordou 20 kg

Acima, Saida em recuperação. A fome em todo o mundo aumentou pela primeira vez em mais de uma década. De acordo com relatório da ONU divulgado neste semestre, o problema afeta 11% da população global, devido a conflitos, mudança climática e problemas econômicos

Essa era a imagem de Saida Ahmed Baghili há um ano. A jovem, que hoje tem 19 anos, é uma das pessoas afetadas pela desnutrição grave no Iêmen. Há um ano, Saida pesava 11 kg e virou símbolo da crise humanitária do país. Um quarto da população, de 28 milhões, está morrendo de fome, devido a uma guerra que já dura dois anos, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas). O país e fica no sudoeste da Península da Arábica. Em junho, um surto de cólera agravou ainda mais a situação