O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, supervisionou testes de drones “suicidas” e de reconhecimento equipados com tecnologia de inteligência artificial (IA), disse a mídia estatal do país nesta quinta-feira (27).Durante os testes, realizados no Complexo de Tecnologia Não Tripulada, Kim acompanhou o desempenho de drones “assassinos”, projetados para missões de ataque, e de drones de reconhecimento estratégico, capazes de rastrear alvos táticos e monitorar atividades inimigas em terra e mar.A KCNA (Agência Central de Notícias Coreana) disse que os aparelhos demonstraram eficácia ao atingir alvos e que Kim elogiou o “valor estratégico” da tecnologia de IA incorporada aos artefatos.“O campo de equipamentos não tripulados e inteligência artificial deve ser priorizado na modernização das forças armadas”, disse o líder norte-coreano, de acordo com a agência estatal.A Coreia do Norte também exibiu pela primeira vez uma aeronave de alerta aéreo antecipado (AEW, na sigla em inglês), veículo equipado com um domo de radar que detecta aeronaves e embarcações a longa distância. Fotos divulgadas pela mídia estatal mostram Kim inspecionando o avião, que sobrevoou a área em baixa altitude durante os testes. À Reuters, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, que monitora o país vizinho, disse que a Rússia pode ter contribuído para o desenvolvimento da aeronave.O desenvolvimento armamentista norte-coreano ocorre em meio à colaboração militar com Moscou. O Exército da Coreia do Sul disse nesta quinta-feira que, entre janeiro e fevereiro deste ano, Pyongyang enviou mais 3 mil soldados à Rússia para apoiá-la na guerra contra a Ucrânia.Esta é a segunda onda significativa de mobilização de soldados norte-coreanos para a guerra. Eles se juntam aos outros 11 mil combatentes destacados desde outubro do ano passado.O exército sul-coreano estima que cerca de 4.000 desses soldados já foram mortos ou feridos em combate, a maioria na região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, onde muitos deles foram alocados.O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul atribui as pesadas baixas norte-coreanas à falta de experiência das forças de Kim Jong-un em ataques de drones, que marcam o conflito.Ainda assim, o NIS reconhece que as tropas da Coreia do Norte têm adquirido experiência em táticas e operações com drones. Há indícios de que o país pode estar recebendo tecnologia da Rússia como contrapartida ao envio de soldados.A divulgação dos drones e da aeronave AEW condiz com a ambição de Kim de fortalecer as capacidades de reconhecimento e ataque do país, que ainda larga atrás de rivais do regime, como a Coreia do Sul e os Estados Unidos. Em agosto e novembro do ano passado, o líder já havia supervisionado testes de drones suicidas, movimento visto como inspirado pelo uso intensivo dessas armas no conflito Rússia-Ucrânia. “É importante moldar um plano de longo prazo para o rápido desenvolvimento dessas tecnologias, seguindo a tendência da guerra moderna”, disse Kim durante os testes, segundo a KCNA.Embora a aeronave de alerta tenha impressionado visualmente, os militares sul-coreanos questionam sua capacidade operacional, descrevendo-a como “grande, pesada e suscetível à interceptação”, segundo a agência de notícias Yonhap.Analistas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres apontam que, apesar de ampliar a vigilância aérea, uma única unidade não seria suficiente, e converter mais cargueiros em novas AEW poderia comprometer a frota norte-coreana.Kim também aprovou planos para expandir a produção dos drones e expressou satisfação com os “novos sistemas de armas de ataque e interferência eletrônica” em desenvolvimento, sinalizando uma transformação “qualitativa e quantitativa” no arsenal do país.